'Dupla-personalidade' faz Marcelo ter simpatia de colegas e antipatia pública
Fernando Duarte
Do UOL, em Fortaleza
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Jefferson Bernardes/VIPCOMM
Marcelo durante treino da seleção: sorrisos fáceis apenas para os colegas de profissão
Quase tão ratificada quanto o apreço pelo talento do lateral Marcelo é a percepção de arrogância que já o fez ser escalado pelo jornal alemão "Bild" numa seleção dos 11 jogadores mais detestados do mundo. No entanto, o lateral do Real Madrid ao mesmo tempo surpreende pela facilidade com que faz amigos em espectros diferentes da comunidade "boleira".
Além de ser visto fazendo coreografias com o temperamental Cristiano Ronaldo no Real Madrid, o lateral-esquerdo é um dos melhores amigos de Neymar na seleção brasileira, a ponto de ser frequentemente visto ao lado do atacante do Barcelona em treinos e viagens. No ano passado, quando Marcelo machucou o pé numa viagem com a seleção e foi cortado, Neymar quase imediatamente fez uma homenagem ao amigo via Instagram.
"Minha amizade com o Neymar começou na seleção e vai continuar na Espanha. Fico feliz por ele ter ido para o Barcelona, mas queria tê-lo visto no Real Madrid. A gente brinca muito na seleção e gosta de competir com a bola no final dos treinos. Se ele faz alguma coisa eu tenho que imitar", explica Marcelo.
Pai bombeiro herói
O contraste com o jogador que parece desdenhar das perguntas dos jornalistas em entrevistas coletivas e que no ano passado deu uma violenta entrada no atacante Cesc Fabregas durante um acalorado Real Madrid x Barcelona. Uma dupla-personalidade que confunde quem observa o jogador. Ao mesmo tempo em que se comporta como um menino mimado em campo e fora dele, Marcelo é capaz de surpreender com palavras emocionadas sobre o pai bombeiro.
"Meu pai é meu herói e sempre que vejo um bombeiro na rua lembro de que ele também foi herói para as pessoas cujas vidas ele ajudou a salvar", disse o lateral, numa entrevista coletiva realizada na segunda-feira.
Na mesma sessão, porém, ele ralhou com jornalistas que faziam perguntas sobre a seleção espanhola e um possível encontro com o Brasil na Copa das Confederações. Foi um dos poucos momentos em que pareceu interessado em algum tipo de diálogo com quem lhe entrevistava. Diferentemente de colegas mais hábeis nas relações-públicas, como Thiago Silva, David Luiz e Lucas, Marcelo por vezes passa por zonas mistas ignorando chamados e perguntas.
No trato com os colegas de trabalho, porém, o lateral parece ser uma pessoa bem diferente, ainda que a rivalidade entre Real e Barcelona tenha estremecido um pouco seu relacionamento com Daniel Alves.
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