Na contramão da Copa das Confederações, Recife fica sem protestos e ganha pregação religiosa

Vinicius Mesquita

Do UOL, no Recife

  • Vinicius Mesquita/UOL

    Integrantes da Igreja Presbiteriana do Barro cantam na porta da Arena Pernambuco

    Integrantes da Igreja Presbiteriana do Barro cantam na porta da Arena Pernambuco

Em meio a onda de protestos que assola as sedes da Copa das Confederações, Recife se destaca por seguir o caminho inverso. Antes da partida realizada na Arena Pernambuco, entre Espanha e Uruguai, no domingo, as concentrações populares mais barulhentas em torno do estádio eram formadas por grupos religiosos.

"Nós viemos aqui para falar do amor de Jesus", disse o engenheiro Eduardo Freitas, 22 anos, membro da Igreja Presbiteriana do Barro. "Sabíamos que hoje seria um dia com maior concentração de pessoas e nos reunimos aqui com o intuito de levar a palavra de Deus", prosseguiu Freitas.

O grupo religioso, formado por cerca de 20 pessoas, trouxe instrumentos de som e alguns santinhos para a distribuição.

"Tem gente que pensou que estávamos preparando algum protesto", explicou a bióloga Vanilla Mergulhão, 20 anos. "Os policiais se aproximaram. Ficamos com medo, mas eles até nos ajudaram, ofereceram água. Um dos guardas até tocou triangulo conosco", disse.

A partir das 14 horas, policiais militares e a tropa de choque de Recife desembarcaram em peso nas proximidades dos principais portões de entradas do estádio, mas poucos torcedores haviam chegado.

"Difícil ter protesto aqui, rapaz", comentou Antônio Carvalho. "O estádio é muito longe da região central do Recife. O transporte para a Arena Pernambuco é precário, e isso deve ter contribuído para o desânimo dos manifestantes de nossa cidade", disse o torcedor.

A Arena Pernambuco, localizada no município de São Lourenço da Mata,  fica a 28 quilômetros de distância da região central do Recife. Os estacionamentos para automóveis não foram liberados e o transporte mais utilizado para chegar ao estádio é o metrô, com desembarque previsto para a estação Cosme e Damião, localizado a dois quilômetros da Arena.

Os policiais militares que ocupavam uma guarita a aproximadamente 200 metros do estádio, mais relaxados, estavam mais atentos a distribuição de garrafas de água e lanches. "A quantidade de garrafas de água é controlada, no máximo duas para cada um. Por favor, não abusem. Em breve serão distribuídos os lanches e refrigerantes a vocês", disse um dos policiais aos demais.

Tumulto no Rio e em Brasília

A paz não reinou em outras sedes da competição. No mesmo dia, no Maracanã, por volta das 15h, uma hora antes da partida entre Itália e México, cerca de 500 manifestantes contra o aumento da tarifa de ônibus e do custo de vida já se concentravam ao lado da estação de metrô São Cristóvão, uma das três mais próximas ao estádio.

 

 

 Apenas 30 minutos depois, eles iniciaram a caminhada para frente do Maracanã. A polícia entrou em ação e barrou os manifestantes, informando que passaria dali quem tinha ingresso. A negociação não funcionou e os policiais passaram a atirar bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo.

Na abertura da Copa das Confederações, sábado, em Brasília, antes do jogo entre Brasil e Japão, outro grupo de manifestantes, dessa vez contra a realização da competição no país, enfrentou a Tropa de Choque, por volta das 13h30. O protesto terminou com oito presos e mais de vinte feridos.

As redes sociais também informam que um novo protesto contra a realização da Copa das Confederações será realizado em Belo Horizonte, nesta segunda-feira, data da partida entre Nigéria e Taiti.

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