Recife cambaleia na organização da Copa das Confederações e jogadores se irritam

Bruno Freitas e Vinicius Mesquita

Do UOL, no Recife

  • EFE/Iván Franco

    Luis Suárez e seus companheiros uruguaios sofrem com a desorganização no Recife

    Luis Suárez e seus companheiros uruguaios sofrem com a desorganização no Recife

A Copa das Confederações ainda não decolou no Recife. Estradas esburacadas, transporte precário e hotéis aquém do esperado deixaram jogadores de Espanha e Uruguai impacientes. Para completar o cenário nebuloso, as chuvas incessantes não dão trégua há mais de uma semana, provocando congestionamentos intensos nas principais vias de acesso aos estádios e centro de treinamentos.

Após dois dias de transtornos, o Uruguai dá sinais de que está bem mais indisposto que a Espanha, sua adversária deste domingo, na Arena Pernambuco, às 19 horas.

Na última quinta-feira, a equipe celeste não pôde treinar no estádio do Arruda devido às constantes pancadas de chuvas. A água encharcou o gramado, inviabilizando o treino com bola. Para pôr um fim ao tédio enfrentado pelos jogadores, a comissão técnica uruguaia tomou conta de uma academia de ginástica a poucos metros do Mar Hotel, concentração da delegação, para a prática de exercícios físicos.

"Não é sempre que enfrentamos esse tipo de situação", disse o meia Gastón Ramirez. "Jogador de futebol precisa treinar com a bola, mas tudo bem, já superamos isso."

O treinador Oscar Tabárez, insatisfeito com o cenário, ironizou a escolha de Recife como uma das sedes para a Copa das Confederações: "Que chove no Recife em junho e julho, me parece que não é uma novidade. Então, estamos um pouco surpresos porque não acreditávamos que teríamos de enfrentar uma situação de buscar campos para treinar. Só queremos um lugar para nos prepararmos para as partidas que teremos pela frente."

Os lamentos de Tabárez não surtiram efeito. Logo no dia seguinte, sexta-feira, a Fifa empurrou a seleção uruguaia para o Centro de Treinamento do Sport, a 18 quilômetros de distância do hotel. O gramado estava em condições de jogo, mas o ônibus da delegação precisou vencer ruas esburacadas e estradas de barro e barreiras. Foram necessários 90 minutos para chegar ao CT e outros 90 para retornar ao hotel. Média de 12 km/h por trecho.

"Um campinho para treinar é o mínimo que precisamos para participar de um torneio. Não queremos hotel cinco estrelas, tratamento vip, nada. Só precisamos de um campinho próximo de nosso hotel. Foi desumano passar pelo que passamos. Espero que isso que estou falando seja encarado como uma crítica construtiva para o torneio", disse o zagueiro Lugano.

Segundo a prefeitura de Recife, a Fifa estava ciente sobre as condições das estradas e da distância do Centro de Treinamento do Sport:

 "A estrada no bairro de Macaxeira (no caminho do CT) é de terra batida e, como você pode perceber, a chuva não dá trégua. Nós mandamos um caminhão com o objetivo de tapar os buracos e fazer a terraplanagem", informou a assessoria de imprensa da Emlurb (Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana), vinculada a Secretaria de Serviços Públicos da prefeitura de Recife. "Mas foi a Fifa que escolheu este Centro de Treinamento. O CT do Sport foi aprovado por ela", informou a assessoria.

Não muito distante da concentração uruguaia está o hotel Golden Tulip, na Praia de Boa Viagem, sede da seleção espanhola. Para os atuais campeões do mundo, a estrutura do hotel deixa a desejar.

Fanáticos pela NBA, os espanhóis estavam dispostos a acompanhar de seus aposentos o quarto jogo da final disputada entre San Antonio Spurs e Miami Heat. Para a frustração de boa parte do elenco, porém, a TV a cabo do Golden Tulip não dispunha de muitos canais, dentre eles a ESPN, responsável pela transmissão do basquete norte-americano. O portal do jornal AS publicou que os espanhóis ficaram aborrecidos com o hotel escolhido para recebê-los. Para os atletas, o Golden Tulip não é luxuoso o suficiente para comportar uma seleção de grande porte em uma competição tão importante.

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