Neymar faz o simples para marcar de novo após 44 tentativas
Fernando Duarte
Do UOL, em Brasília
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Jefferson Bernardes/VIPCOMM
Neymar explode com o gol relâmpago: objetividade contra o jejum
O chute, com apenas três minutos de jogo, foi indefensável. O grau de dificuldade do movimento foi alto, apesar da boa assistência de Fred. Mas foi a preferência pelo jeito mais simples de jogar futebol que levou Neymar, depois de 44 tentativas, 13 delas apenas em partidas da seleção brasileira, a colocar fim à maior seca de sua carreira: nove jogos sem marcar gols. E ainda ajudou a garantir uma atmosfera festiva para a estreia do Brasil na Copa das Confederações.
O atacante fez o que não costuma fazer. Não tentou carregar demais a bola, nem chutar para onde o nariz apontasse. Agora jogador do Barcelona, chutou ao gol com consciência quando recebeu o passe. Com isso, marcou seu 22º gol em 35 jogos pela seleção, distanciando-se ainda mais como o maior artilheiro da seleção no atual ciclo de Copa do Mundo.
Maior "fominha" da seleção na Era Scolari, Neymar tinha chutado uma média de quatro bolas a gol por jogo nas sete partidas disputadas pela seleção na era Felipão. Porém, juntando os arremates pela representação nacional e pelo Santos, a pontaria tinha sido sofrível nos últimos jogos, com apenas 38% dos chutes indo na direção do gol. Embora tenha dado de ombros ao comentar o assunto, o jejum de 845 minutos o incomodava. Especialmente agora que suas atuações pela seleção também vinham sendo criticadas.
Para as expectativas em torno dele, a atuação de Neymar contra o Japão não teve tantos momentos de brilho intenso. Sofreu sempre com a marcação: ao menos dois japoneses sempre corriam em perseguição. Não raramente, apelando para faltas. Deixou a impressão de que soltar um pouco mais a bola pode ser de serventia bem maior para o individual e o coletivo.
Neymar, ao menos, recebeu de Felipão a oportunidade de atuar mais pelo lado esquerdo do campo, o lugar em que se sente mais à vontade e no qual deverá ser visto com a camisa do Barcelona. Também pareceu ter tirado um peso enorme dos ombros com o gol e com o carinho da torcida. Como o próprio Scolari fez questão de dizer semana passada, a natureza não dá saltos. Mas o jogo com o Japão pode ter sido um grande passo para Neymar.