Pedido de bom senso da CBF inibe empresários na concentração da seleção
Luiz Paulo Montes, Paulo Passos e Ricardo Perrone
Do UOL, em Brasília
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Flávio Florido/UOL
Paulinho é um dos jogadores da seleção em negociação com o futebol do exterior
Para evitar que a concentração da seleção brasileira durante a Copa das Confederações fosse 'invadida' por empresários dos jogadores, especialmente aqueles envolvidos em negociações na janela de transferências, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) se preveniu e recomendou aos atletas para que evitem circular pelos saguões dos hoteis ao lado de seus agentes.
A assessoria de imprensa da CBF afirma que não houve veto aos empresários na concentração, mas alega que os atletas foram orientados a usar o bom senso. Ou seja, só devem convidar agentes em casos de urgência. Até agora, nenhum jogador pediu ao técnico Luiz Felipe Scolari permissão para receber a visita de empresários.
O UOL Esporte apurou que um dos motivos para que não fosse feita uma clara proibição é o fato de alguns jogadores terem parentes como empresários. Na prática, seria impossível barrar um agente que poderia entrar na condição de familiar.
"Devo acompanhar algum jogo da Copa das Confederações, mas não vou à concentração porque nunca faço isso. Não é o momento de visitar jogador. Se precisar resolver algo, resolvo pelo telefone", disse Vantuil Gonçalves, agente do goleiro Jefferson. "Devo ir ao jogo de abertura, mas não vou aparecer no hotel. A gente sabe que a comissão técnica não gosta disso", disse Theodoro Fonseca, empresário de Hulk.
Agente de Thiago Silva, capitão do time, Paulo Tonieto diz que não pretende acompanhar o seu cliente durante a Copa das Confederações. O empresário, porém, esteve no amistoso contra a França em Porto Alegre. "Fui porque era perto da minha cidade, que é Florianópolis, mas não costumo ir a muito jogos nem aos hotéis onde ele fica", diz.
Tonieto afirma desconhecer qualquer veto da CBF a presença de empresários no hotel onde os jogadores estão concentrados. "Eu não vou porque não quero e acho que não é lugar de empresário lá. Não sou papagaio de ficar pendurado no pescoço de jogador", completou.
Quando assumiu a CBF, José Maria Marin disse que queria ver menos empresários circulando nos hotéis onde os jogadores estivessem concentrados.
"O jogador pode conversar com o seu empresário, mas fora do hotel onde a Seleção está hospedada e fora do campo de treinamento. Pode ser em qualquer lugar, menos no local de trabalho de uma seleção brasileira", afirmou o cartola ao canal Sportv.
Na prática, porém, o acesso dos agentes foi livre durante a era Marin. Em amistosos da seleção fora da Europa, tanto com Mano Menezes de técnico quanto com Felipão, os empresários circulam no hotel e tem acesso a áreas restritas dos atletas.
Marcos Malaquias, que trabalhou na transação de Neymar para o Barcelona, chegou a divulgar nas redes sociais fotos com atacante em uma área restrita para a delegação da CBF e até com o presidente da entidade, José Maria Marin.
O iraniano Kia Joorabchian é, talvez, o mais assíduo no ambiente da seleção nas partidas fora do Brasil. Marcado pela controversa parceria do Corinthians com a MSI, empresa da qual era presidente, ele tem relação profissional com seis dos 23 jogadores (Jô, Bernard, Júlio César, Paulinho, Oscar e David Luiz) convocados para a Copa das Confederações. Ele é o agente com mais atletas no time de Luiz Felipe Scolari. Nas partidas na Europa costuma frequentar o hotel onde a seleção fica e se encontrar com os seus clientes.
Dos 23 convocados para a Copa das Confederações, seis estão envolvidos em especulações e negociações para o exterior: Julio Cesar, Jefferson, David Luiz, Thiago Silva, Paulinho e Bernard. Fernando e Neymar foram negociados recentemente para Shakhtar Donetsk (UCR) e Barcelona (ESP). Leandro Damião, cortado por lesão, também estava nesta situação.