Desorganização afeta segurança e Maracanã tem acesso sem controle

Luiz Paulo Montes, Ricardo Perrone e Rodrigo Mattos

Do UOL, em Brasília e no Rio de Janeiro

  • Rodrigo Mattos/UOL

    Caminhão do exército que ajudou a montar as grades em volta do Maracanã

    Caminhão do exército que ajudou a montar as grades em volta do Maracanã

A três dias da estreia na Copa das Confederações, o Maracanã exibe falhas de segurança no seu perímetro por conta da desorganização causada nos preparativos de última hora. Em Brasília, problemas no sistema de credenciamento deixam militares e policiais sem suas credenciais o que afeta a segurança local. Enquanto isso, soldados do exércitos foram convocados para ajudar a levantar grades no estádio no Rio de Janeiro.

No Maracanã, o repórter do  UOL Esporte procurava o centro de credenciamento do local. Por orientações erradas, entrou sem dificuldade no perímetro de grades do estádio em um local onde não havia nenhum segurança privado, que deveria controlar o acesso. À procura do credenciamento, foi possível circular sem credencial ou nenhum uniforme em volta de metade do estádio passando por obras, montagem de tendas e de estruturas provisórias. Havia placas de acesso restrito no caminho, mas nenhum segurança ou funcionário estava presente para dar orientações ou deter a reportagem.

Só quando abordou funcionários no centro de mídia foi que o repórter percebeu que circulara por área sem permissão. Um funcionário que não se identificou ficou assustado, admitiu a falha de segurança e chegou a dizer que a reportagem poderia ter carregado uma bomba para dentro do estádio. Não havia nenhum segurança que impedisse o acesso às estruturas fixas do Maracanã.

Na grade de fora do perímetro, havia detectores de metais e revistas feitas por voluntários. Em alguns poucos portões, havia seguranças. Mas, para ter acesso às dependências dentro do estádio, o UOL Esporte não passou por nenhum deles. No caminho, foi possível ver outras pessoas sem credencial ou uniforme neste espaço.

Enquanto isso, do lado de fora, soldados do exército, que deveriam atuar na segurança, levantavam grades para separar as duas vias da Avenida Radial Oeste, acesso para o estádio. Sem se identificar, um dos militares  informou que era um apoio requisitado pela prefeitura do Rio de Janeiro nesta quinta-feira. Antes, segundo informação desse militar, eles só atuavam no estádio para planejar segurança.  Dois caminhões de soldados ajudaram a levantar as grades e a orientação é de que continuariam nesta função na sexta-feira.

Já em Brasília, local da abertura da Copa das Confederalçoes, houve falha no sistema de credenciamento o que prejudicou profissionais que irão trabalha na segurança do jogo entre Brasil e Japão, no sábado.

Por volta das 15h o centro de credenciamento foi fechado porque, segundo voluntários, acabou o material para confeccionar as credenciais. Além disso, uma pane no sistema 'matriz', no Rio de Janeiro, ocasionou o fechamento das portas. Jornalistas estrangeiros ficaram irritados com a situação, de acordo com relatos de funcionários envolvidos. 

Por volta das 17h, horário em que o centro ainda deveria estar funcionando, um cartaz informava que o sistema estava em manutenção e o atendimento seria retomado nesta sexta, às 8h. Em cerca de 15 minutos, a reportagem observou oito envolvidos na segurança do evento, policiais e militares, chegarem em busca de suas credenciais e saírem reclamando.

Entre eles, um policial que precisava da credencial para trabalhar nesta sexta na escolta da seleção brasileira. Havia também um coronel do exército que trabalha na equipe de defesa e que deveria já estar com as credenciais nesta sexta pela manhã. Segundo ele, que pediu para não ser identificado, o atraso atinge cerca de 60 homens, incluindo militares que trabalham na segurança presidencial e no combate a ataques terroristas.

"Vim na minha folga pegar a credencial e não consegui. Agora imagine o tumulto, mais de 700 policiais vindo no mesmo dia fazer o credenciamento", afirmou Andreson Silva, instrutor da Polícia Federal.

O departamento de comunicação do COL (Comitê Organizador Local) e da Fifa ainda não havia respondido às perguntas sobre falhas de segurança até às 19 horas. 

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