Cabo-de-guerra por Dante é prova do prestígio de zagueiros da seleção

Fernando Duarte

Do UOL Esporte, no Rio de Janeiro

  • REUTERS/Michael Dalder

Em termos de potencial mercadológico, Neymar reina supremo na seleção brasileira. Dentro de campo, porém, são os jogadores cuja função principal é evitar gols que têm sido as estrelas. Com seus três principais zagueiros em alta, Luiz Felipe Scolari já mostrou vontade de flertar com um esquema tático que aproveite o bom momento vivido por Thiago Silva, David Luiz e Dante – o que, por sinal, ajuda a explicar o tom duro adotado pela comissão técnica diante dos problemas de liberação do jogador do Bayern de Munique. O clube acatou o pedido da CBF nesta quinta-feira.

Respeitado na Europa, o trio se transformou em trunfo para Felipão, que mesmo sem mudar o esquema tático poderá lançar mão do trio como forma de melhorar o sistema de contenção da seleção. Luiz, por exemplo, pode ser utilizado como cabeça-de-área, posição em que figurou em boa parte da última temporada do Chelsea sob o comando do espanhol Rafa Benitez e que lhe rendeu elogios dos comentaristas ingleses.
 
Thiago, o mais caro zagueiro do mundo desde que o Milan o vendeu para o Paris St.Germain, no ano passado, foi um dos principais jogadores da equipe parisiense campeã francesa e que por muito pouco não se antecipou ao Bayern de Munique como algoz do Barcelona na Liga dos Campeões da Europa. Já livre dos problemas físicos que o atrapalharam no início do ano, o ex-jogador do Fluminense é ainda um dos principais líderes do grupo, ao lado de Luiz.
 
Dante, que até aparecer na lista de Felipão para o amistoso contra a Inglaterra, em fevereiro, era um ilustre desconhecido fora da Alemanha, ganhou espaço na equipe depois de uma atuação segura em Wembley, quando substituiu o lesionado Thiago. Ao lado de Jerome Boateng, montou uma dupla de zaga que fez do Bayern um dos times menos vazados da Europa na temporada 2012/13 e que até agora conquistou uma dobradinha de Bundesliga e Liga dos Campeões – ainda que o zagueiro tenha cometido um pênalti na final contra o Borussia Dortmund que deveria também ter resultado num cartão vermelho.
 
"O futebol europeu hoje requer defensores que participem muito mais do jogo e que contribuam para a posse de bola. Ou seja, os zagueiros precisam estar confortáveis passando e saindo um pouco mais. Isso cai como uma luva para os jogadores brasileiros e ajuda a dar um pouco mais de visibilidade", explicou Dante numa entrevista para a edição de junho da revista inglesa de futebol "World Soccer".
 
É possível especular que a evidência também tenha sido impulsionada por um momento discreto vivido pelos jogadores ofensivos brasileiros no exterior. Com apenas Lucas e Neymar atraindo maiores atenções, e a escassez de artilheiros nas principais ligas europeias, as atenções acabaram se voltando para outros setores. Mas Thiago vê ainda uma diminuição de ideias pré-concebidas. "Os zagueiros brasileiros vem ganhando respeito há algum tempo e já começam a ser analisados com mais justiça. Os jogadores vêm recebendo mais oportunidades e isso é importante. Quem não gosta de ser valorizado?''
 
Para Luiz, a imagem de maturidade é também fruto de esforço. O zagueiro do Chelsea conta que, no ano passado, quanto a equipe inglesa mediu forças com o Bayern na final da Liga dos Campeões, ele analisou mais de sete horas de vídeos com lances de jogo do então centroavante titular da equipe alemã, Mario Gomez, a quem teria de vigiar na partida em Munique. "E não foi porque ninguém mandou, e sim porque é assim que temos de fazer nosso trabalho se quisermos ganhar respeito e jogo", explica o zagueiro.

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