Caxirola fica mais leve e menos dura e pode voltar às arenas da Copa
Vinícius Segalla*
Do UOL, em São Paulo
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Leogump Carvalho/Frame
Na estreia das caxirolas em estádios brasileiros, torcedores atiraram os instrumentos no gramado
A caxirola, chocalho criado pelo músico Carlinhos Brown e transformado em produto oficial da Copa do Mundo de 2014, foi banida dos estádios brasileiros durante os eventos da Fifa na última segunda-feira, por decisão do COL (Comitê Organizador Local da Copa). Nesta quarta-feira, porém, seus fabricantes apresentarão a autoridades do país e da Copa uma nova versão do produto, mais leve, menos rígida e mais flexível, em uma tentativa de reverter a decisão do início da semana, permitindo novamente que o instrumento musical esteja presente nas arenas dos torneios da Fifa no Brasil.
A decisão de proibir o chocalho nas arquibancadas foi motivada por um incidente ocorrido no fim de abril na Arena Fonte Nova, em Salvador, durante um jogo entre Bahia e Vitória. A partida marcou a estreia da caxirola nos gramados brasileiros, com a distribuição gratuita de 50 mil exemplares aos torcedores.
Acontece que o Bahia amargou uma derrota de 2 a 1, menos de um mês depois de ter perdido no mesmo estádio por humilhantes 5 a 1. Resultado: os torcedores do tricolor baiano transformaram o chocalho em instrumento de protesto, e fizeram chover caxirolas no gramado. Para que a partida pudesse continuar, os próprios jogadores do Bahia tiveram que retirar os chocalhos de plástico do campo de jogo.
Temendo espetáculo semelhante em partidas das Copas das Confederações e do Mundo, o chefe de segurança do COL, Hilário Medeiros, anunciou na última segunda-feira que não seria permitida a entrada da caxirolas nos estádios durante os jogos oficiais da Fifa. Segundo ele, a decisão teria sido tomada em conjunto pelo COL e pelo governo federal.
A versão de Hilário não durou 24 horas. A caxirola é um dos 1.500 produtos oficiais das Copas do Mundo e das Confederações. Ela é produzida sob licença da Fifa pela multinacional The Marketing Store. A empresa produz o chocalho em parceria com a Globo Marcas, companhia das Organizações Globo que detém o direito de distribuição de todos os 1.500 produtos oficiais da Copa. A caxirola deverá chegar na semana que vem às lojas, com o preço de R$ 29,90. Cerca de 10% do valor de venda de cada unidade é revertido para a Fifa e sua parceira comercial, a Globo Marcas.
Ainda na segunda-feira, o Ministério do Esporte, em resposta a questionamento do UOL Esporte, informou, por meio de nota, que as coisas não eram bem como Hilário havia dito: "Não há posição oficial do governo federal sobre a proibição da caxirola. Há um posicionamento preliminar da Secretaria Especial de Segurança para Grandes Eventos (Sesge), que será discutido na próxima quarta-feira em reunião com as áreas envolvidas".
No dia seguinte, terça-feira, foi a vez da The Marketing Store, fabricante do chocalho, por meio de nota, manifestar-se sobre a questão, também contradizendo o chefe de segurança do COL:
"A The Marketing Store, empresa viabilizadora da Caxirola – projeto chancelado pelo Ministério do Esporte e produto oficial da Fifa -, informa que a empresa e o governo federal estão discutindo e analisando resolução que possibilita e permite a presença do instrumento nos estádios durante a Copa das Confederações. Portanto, ainda não há uma posição definitiva sobre o tema.
Vale reforçar que nenhuma decisão que venha a ser tomada retira do produto sua estratégia de distribuição, uma vez que a Caxirola será comercializada nas lojas oficiais da FIFA e no varejo."
Posteriormente, ao telefone, a assessoria de imprensa da multinacional The Marketing Store informou ao UOL Esporte que os executivos da empresa cumprem, desde terça, uma agenda de reuniões com autoridades do COL, da Fifa e do governo federal, e que uma decisão final sobre a presença ou não das caxirolas nos estádios da Copa será anunciada nesta quarta-feira.
A assessoria da multinacional parceira da Fifa e da Globo Marcas explicou também que a The Marketing Store tem capacidade de produzir até 50 milhões de caxirolas até o início da Copa de 2014, a depender da demanda do mercado. A produção mínima, porém, será de 10 milhões de instrumentos plásticos, que foram criados pelo músico Carlinhos Brown, inspirado em um chocalho de palha trançada chamado caxixi.
A fim de tornar "um produto seguro ainda mais seguro", a The Marketing Store tomou a decisão de reduzir o peso do instrumento, dos atuais 90 gramas para algo em torno de 78 gramas. Além disso, os anéis laterais do chocalho passarão a ser mais flexíveis. Tais mudanças tornariam menos danoso o choque em uma pessoa de uma caxirola eventualmente atirada da arquibancada para dentro do campo.
O UOL Esporte procurou o COL para saber se a posição do comitê sobre o assunto teria se alterado de alguma maneira entre segunda e terça-feira, a julgar pelos desmentidos a seu chefe de segurança que foram proferidos pelo governo federal e pela The Marketing Store. Os membros do comitê, porém, não responderam às ligações e às mensagens da reportagem.
* Colaborou Vinicius Konchinski, do UOL, no Rio de Janeiro
DILMA TOCA CAXIROLA
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