Contratação de Neymar pelo Barça começou em concentração do Brasil

Paulo Passos e Ricardo Perrone

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • Wagner Carmo/VIPCOMM

    Presidente do Barcelona teve contato com jogador no ambiente da seleção

    Presidente do Barcelona teve contato com jogador no ambiente da seleção

Sacramentada na última segunda-feira, com a assinatura do contrato em Santos, a contratação de Neymar pelo Barcelona teve momentos decisivos durante o período em que o astro esteve na seleção brasileira. Desde 2010, o presidente do Barcelona, Sandro Rosell, conseguiu conversar e conviver com o atacante no ambiente exclusivo da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).

As relações entre o novo chefe de Neymar e a seleção são antigas. Na Copa de 2002, Rosell era o principal executivo da Nike, patrocinadora da CBF, na América Latina. Amigo do então presidente Ricardo Teixeira, convivia com os jogadores e a comissão técnica do Brasil. Mesmo após deixar a multinacional americana em 2003, ele seguiu frequentando os bastidores da entidade e o vestiário do time.

O primeiro contato do catalão com Neymar aconteceu em 2010 durante um amistoso da seleção no Qatar. O Brasil foi jogar com a Argentina de Lionel Messi. Rosell ficou no mesmo hotel da CBF, que na época ainda era presidida pelo seu amigo Teixeira, e conversou com o atacante.
Meses depois, o Barcelona fez a sua primeira proposta pelo jogador. O negócio não foi fechado na época, mas o cartola seguiu "marcando" Neymar. Na Copa América de 2011, voltou a circular com a delegação da seleção brasileira. Antes de um jogo contra a Venezuela, em La Plata, pegou carona no ônibus da seleção e sua imagem sorridente ao lado de Mano Menezes foi captada pela Fox Sports da Argentina. 

A estratégia do presidente do Barcelona não foi novidade. Com Ronaldinho Gaúcho, atuou da mesma maneira.  No seu livro de memórias "Bienvenido al mundo real", lançado na Espanha no ano de 2010 e reeditado em 2012, Rosell conta que o primeiro contato para levar Ronaldinho Gaúcho para o Barcelona aconteceu no vestiário da seleção brasileira após um amistoso em 2003. O dirigente ainda nem tinha chegada ao poder no clube catalão. Seu grupo político disputava as eleições, mas ele, que era um dos aliados do candidato à presidência Joan Laporta, fez o convite ao "Dentuço" e ouviu um "sim".

  • Neymar pai esteve com funcionário do Barcelona em viagem acompanhando filho na seleção

Ronaldinho, aliás, aconselhou Neymar a preferir o Barça ao Real Madrid. Daniel Alves foi outro escalado pelo clube catalão para incentivar o atacante a se mudar para a Catalunha.

Na reta final da negociação, Rosell preferiu sair dos holofotes. Mesmo assim, o Barcelona continuou presente. Um dos últimos atos do clube para convencer o jogador e a família de que o melhor destino seria a Catalunha foi a aproximação com um funcionário do Barça, que trabalhou com o dirigente na Nike no Brasil. Pepe Costa comanda no clube a chamada "Oficina de Atención al Jugador". Na prática, é uma espécie de faz-tudo das estrelas do time, como Messi.

Em março, durante a estada da seleção em Genebra para o jogo contra a Itália, Pepe jantou com Neymar pai e com os agentes Marcos Malaquias e André Cury. O encontro foi registrado e divulgado no instagram por Malaquias, que chamou o espanhol de "A lenda". A ida do atacante para Espanha seria só uma questão de tempo.

EM LIVRO, ROSELL CONTOU PACTO COM GLOBO E SEXO NA BALADA NO PENTA

  • Em um livro de memórias, o presidente Rosell dedica um capitulo às suas lembranças do título do Brasil. Histórias como a do momento em que Felipão desistiu de convocar Djalminha e a de uma balada na Coréia onde um atacante - não revelado pelo autor - ganhou o apelido de "craque", passando pelos bastidores da relação entre a CBF e a imprensa. O livro "Bienvenido al mundo real" nunca foi lançado no Brasil. Nele, o catalão classifica Ricardo Teixeira como um "amigo de verdade" e revela ter sido seu padrinho de casamento. Rosell é o proprietário da empresa Ailanto, suspeita de desviar recursos do amistoso entre Brasil e Portugal em 2008, custeado pelo governo do Distrito Federal por R$ 9 milhões. LEIA MATÉRIA

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