Primeiro jogador da seleção a se apresentar para o período de preparação para a Copa das Confederações, o lateral-esquerdo Filipe Luís trazia no lado esquerdo do rosto as marcas do lance que por pouco não o tirou dos planos de Luiz Felipe Scolari. O jogador do Atlético de Madri sofreu traumatismo craniano no domingo, durante a partida contra o Mallorca, pela última rodada do Campeonato Espanhol, ao ser atingido com uma joelhada no rosto pelo escocês Alan Hutton. Com o olho inchado e alguns curativos, ele apareceu na manhã desta terça-feira no saguão do Hotel Sheraton, em São Conrado, sem esconder o alívio.

"No momento em que ouvi a palavra traumatismo, fiquei preocupado. Mas depois me explicaram que qualquer pancada na cabeça recebe esse nome. Estava tirando o pé no jogo, sem forçar muito. Faltavam dois minutos. Foi um susto danado, mas fiz questão de avisar à CBF que estava tudo bem. Estou pronto para jogar, tenho todos os exames" – afirmou Filipe Luís, que também usou as redes sociais, mais precisamente o site de compartilhamento de fotos Instagram, para reforçar a mensagem.

Convocado por Felipão para as três partidas da equipe principal desde a volta do treinador á seleção, Filipe Luís jogou 20 minutos contra a Inglaterra (Adriano começou) e  foi titular no jogo com a Itália, terminando como um dos poucos que se salvaram numa noite de nó tático imposto pela Azzurra. Sentou-se no banco para o jogo seguinte, contra a Rússia, em que jogou Marcelo. O lateral do Real Madrid tem mais convocações e experiência de seleção, mas Luís desponta como uma opção de melhor proteção.

E pode se gabar de ter feito uma temporada de mais êxito – o Atlético terminou atrás do Real na Liga Espanhola, mas bateu o rival local na final da Copa del Rey, depois de 14 anos sem vitórias contra os merengues.

"Sou fã do Marcelo e disse isso para ele quando o conheci. Ele é um grande jogador, um dos três melhores do mundo, e que tem sido chamado frequentemente para a seleção. É um honra disputar posição com ele, mas o importante é a seleção ter jogadores em bons momentos para todas as posições. Tudo vai depender do que a seleção precisar no momento", afirmou Luís.

Meio que indiretamente, ele admitiu que poderá levar vantagem caso Scolari não consiga encontrar um sistema de contenção eficiente no meio campo, um dos principais problemas mostrados pela seleção nos três jogos contra equipes europeias. Desequilíbrios no setor seria acentuados por um lateral de menos capacidade defensiva. "Temos características diferentes, mas o Marcelo nos últimos tempos aprendeu muito a defender também", completou.

Por enquanto, porém, o alívio é que dá o tom: em 2010, depois de figurar em listas do então técnico Dunga, ele ficou fora do Mundial da África do Sul ao sofrer uma terrível fratura exposta que o deixou três meses fora dos gramados e lhe custou a convocação. "Estar aqui para disputar minha primeira competição pela seleção é uma grande oportunidade, tive um pouco de medo de que a pancada na cabeça poderia me deixar fora de novo".