Improvisação e título marcam reinauguração do Mané Garrincha

Aiuri Rebello

Do UOL, em Brasília

Com um futebol fraco e muito improviso na organização, o estádio Mané Garrincha, em Brasília, recebeu seu primeiro jogo na tarde deste sábado, horas depois de ser inaugurado. Em campo, o Brasiliense sagrou-se campeão do campeonato candango de futebol, o Candangão, com o resultado de 3 a 0 em cima do Brasília. Romarinho, filho do ex-jogador e deputado federal Romário (PSB-RJ), fez o terceiro do Brasiliense.

Fora de campo, os torcedores e curiosos em geral que apareceram para ver o estádio foram obrigados a enfrentar improvisos e confusão no estádio. Apenas 22 mil ingressos, cerca de 30% dos 72 mil lugares da arena, estavam abertos para o público, no anel inferior da arquibancada. Ainda assim, faltavam funcionários preparados para orientar o público e os ingressos com lugar marcado não foram respeitados.

As primeiras fileiras de um dos setores da arquibancada foram ocupadas pela imprensa, que não dispunha de espaço adequado para trabalhar. Radialistas e locutores transmitiam o jogo com muita dificuldade e interferência. Torcedores que chegavam com ingressos marcados procurando seu lugar os encontravam ocupados por jornalistas. "Eu paguei meu ingresso e tenho direito a esse lugar", exigia uma torcedora contra um radialista sentado na cadeira dela. "Não posso fazer nada, isso aqui está uma bagunça˜, respondeu ele. A situação se repetiu por todo a arquibancada.

Os sinais de internet 3G e dos celulares normais ficaram congestionados, sendo difícil completar uma ligação ou conexão de dentro da arena. Horas antes, a reportagem do UOL Esporte esteve na arquibancada e conseguiu realizar conexões de internet e telefone normalmente.

Acesso complicado

O governo do Distrito Federal aproveitou o jogo para fazer uma simulação das operações de trânsito e acesso à arena durante  Copa das Confederações e a Copa de 2014. O trânsito ficou muito difícil já a vários quilômetros de distância do estádio, já que diversas ruas estavam bloqueadas e com sentidos invertidos. A boa parte dos torcedores, não restava mais nada a não ser andar. "Estou caminhando neste sol já tem quase 40 minutos", reclamava o funcionário público Jaílton Lúcio da Costa, de 55 anos, acompanhado de dois filhos, de 23 e 35 anos. "Não tenho mais idade pra isso", dizia Costa.

Pior que isso, não há caminhos, calçadas, faixas de pedestre ou qualquer espécie de rota que leve ao estádio. Pedestres com mobilidade reduzida encontram dificuldade para atravessar amplos gramados e caminhos de terra necessários para chegar do setor hoteleiro, por exemplo, até o estádio.

Cambistas

Na porta, pouco antes do início da partida, era fácil comprar entradas de cambistas por até R$ 100. Apenas dois mil ingressos foram vendidos ao público. Outros doze mil foram distribuídos para os seis mil operários da arena (duas entradas para cada um), e os seis mil ingressos restantes foram distribuídos pela Federação Brasiliense de Futebol, pelo Brasília e pelo Brasiliense.

"É uma sacanagem, eu um dos poucos que acompanhou o time a no todo no estádio e hoje tive que pagar R$ 50 por ingresso aqui na porta". reclama o entregador Anderson Viana, de 22 anos, torcedor do Brasiliense. Centenas de pessoas ficaram para fora do estádio sem ingresso. Quem conseguia entrada, ainda enfrentava longas filas para conseguir entrar no estádio.

Diversas áreas no entorno do Mané Garrincha ainda estão com tapumes e não foram liberadas para o público. O mesmo ocorre dentro do estádio.

Cerveja liberada

A venda de bebidas alcoólicas está liberada no Mané Garrincha. Apesar disso,vários dos bares e lanchonetes estavam fechados e funcionavam de maneira precária e com muitas filas. "Eu só queria uma cerveja", lamentava um torcedor antes de desistir e voltar para seu lugar.

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Vendedores ambulantes atuaram dentro do estádio. Comprar uma garrafa de 350 ml de água custava R$ 3 na lanchonete e R$ 5 na mão do ambulante.

O jogo

Em um jogo de poucas oportunidades, o Brasiliense não teve dificuldade de vencer por três a zero o Brasília. No primeiro jogo da final, o Brasiliense já havia vencido por 1 a 0. A partida começou tensa, com o Brasília pressionando muito. Em um primeiro tempo trancado, mas de poucas faltas, até os 25 minutos os times haviam registrado apenas uma boa oportunidade cada um.

Por volta dos 40 minutos da primeira etapa, o Brasiliense teve um gol de cabeça do zagueiro Bocão anulado pelo assistente. Em meio a muita confusão e reclamação dos jogadores, o técnico do Brasiliense, Márcio Fernandes, invadiu o campo e tentou partir para cima do juiz. Após algum bate-boca e empurra-empurra, o técnico foi expulso de campo com cartão vermelho e teve que ser retirado por seguranças.

Assim que a partida recomeçou, foi a vez do Brasília ter um gol anula depois de um bate e rebate dentro da área do Brasiliense.

No segundo tempo, o Brasília fazia muita pressão mas logo no começo, o Brasiliense abriu o placar com um gol de cabeça de Bocão. O Brasília continuou a pressionar, mas o Brasiliense fez o segundo com Washington, em um contra ataque rápido. Romarinho, que havia entrado em campo no segundo tempo no lugar do camisa 10 Iranildo, ainda fez o terceiro antes do juiz apitar o final e sagrar o Brasiliense campeão.

No final, os jogadores deram a primeira volta olímpica no estádio para comemorar o título.

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