Em sessão tumultuada, 2 consórcios apresentam propostas por Maracanã

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • Genilson Araújo/Agência O Globo

    Vista aérea do Maracanã mostra conclusão da instalação das lonas da cobertura do estádio

    Vista aérea do Maracanã mostra conclusão da instalação das lonas da cobertura do estádio

Muita confusão marcou nesta quinta-feira a sessão para apresentação de propostas para a privatização do Maracanã. Após protesto de deputados, populares, atrasos e idas-e-vindas, dois consórcios entregaram envelopes contendo os valores que pretendem pagar ao governo do Rio de Janeiro para assumir a administração do complexo esportivo.

O Consórcio Maracanã SA (formado pela Odebrecht Participações, IMX Venues e AEG Administração de Estádios do Brasil) e Consórcio Complexo Esportivo e Cultural do Rio de Janeiro (formado pela OAS SA, Stadion Amsterdam e Lagardere Unlimited) formalizaram a intenção de controlar o estádio. Tudo isso, no entanto, só aconteceu depois de muito tumulto na sede do governo, o Palácio Guanabara.

Cerca de uma hora antes das 10h, horário marcado para o início da reunião de entrega de proposta, cerca de 250 pessoas realizaram um protesto em frente ao palácio. Membros do Comitê Popular da Copa do Rio, indígenas removidos do antigo Museu do Índio, e outras pessoas contra a concessão do Maracanã chegaram a fechar uma faixa da avenida em frente à sede do governo para tentar impedir a concessão.

O protesto dificultou a chegada de membros da comissão de licitação ao Palácio Guanabara. Por isso, às 10h05, o presidente da comissão, Luiz Roberto Silveira Leite, anunciou que a sessão seria atrasada.

Meia hora depois, Silveira anunciou a abertura da sessão. Neste momento, os deputados estaduais Marcelo Freixo e Janira Rocha protestaram, alegando que a sessão só podia ser iniciada com a presença livre de cidadãos interessados em acompanhá-la. Devido aos protestos em frente ao palácio, o governo estava restringindo a entrada de populares.

"Sem o acesso ao público, o processo é ilegal", avisou Freixo, ao presidente da comissão de licitação. "O modelo de licitação garante o acesso livre da população."

Às 11h, a sessão ainda não havia começado. Foi aí que o secretário estadual da Casa Civil, Regis Fichtner, apareceu no auditório em que as propostas foram apresentadas para negociar com os deputados. Fichtner permitiu que uma comissão de protestantes entrasse no auditório.

O deputado Freixo foi falar com os manifestantes. Alguns entraram, mas a maioria ficou de fora. Por isso, antes da sessão começar, Freixo voltou ao auditório e afirmou que, na opinião dele, o processo prosseguia ilegalmente. "Isso tem que ser uma audiência pública, com livre acesso a todos que queiram entrar", afirmou.

O secretário Fichtner rebateu os argumentos e a sessão foi iniciada às 11h20. Cerca de 40 minutos depois, os consórcios interessados no Maracanã já haviam sido identificados. As propostas feitas por eles, agora, serão avaliadas pelo governo. Só depois dessa análise, que não tem prazo para acabar, é que o governo vai anunciar o grupo vencedor. "A comissão vai se reunir e analisar todos os dados. A licitação prevê uma análise técnica e financeira das propostas", explicou o secretário Fichtner.

Fichtner, logo após a entrega das propostas, concedeu uma entrevista coletiva. Defendeu a legalidade da sessão e comemorou o interesse das empresas. "São dois consórcios muito fortes, formado por empresas brasileiras e estrangeiras", disse ele. 

A privatização do Maracanã foi anunciada pelo governo no ano passado. Neste ano, foi publicado o edital de licitação, que prevê, entre outras coisas, a demolição do Estádio de Atletismo Célio de Barros, do Parque Aquático Julio Delamare e da Escola Municipal Friedenreich, que ficam ao lado do estádio.

Conforme o UOL Esporte já noticiou, a concessão do complexo terá um custo R$ 111 milhões ao Estado do Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo, dará um lucro de R$ 1,4 bilhão à empresa que assumir o espaço. Quem ganhar a licitação, ficará responsável por gerir o estádio e seus anexos por 35 anos.

*Atualizada às 12h45

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