Rebelo diz que Congresso, e não Esporte, pode tirar Marin da CBF

Aiuri Rebello

Do UOL, em Brasília

  • Sergio Lima/Folhapress

    Ministro do Esporte, Aldo Rebelo durante audiência pública na Comissão de Educação, Cultura e Esporte

    Ministro do Esporte, Aldo Rebelo durante audiência pública na Comissão de Educação, Cultura e Esporte

O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, declarou nesta terça-feira (9) durante  audiência pública na Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados que o governo federal não pode intervir na CBF (Confederação Brasileira de Futebol), mas que a Câmara dos Deputados e o Senado podem. "Não temos como intervir na CBF, mas a Câmara dos Deputados pode", disse após ser questionado sobre as denúncias e suspeitas sobre José Maria Marin, presidente da entidade. "O Congresso tem como investigar, o governo não", afirmou.

"Tenho acompanhado o noticiário sobre o presidente da CBF. Sei que há uma CPI [Comissão Parlamentar de inquérito] que atingiu o número regimental para ser aberta, a Comissão de Turismo e Desporto pode atuar mais nesse sentido também˜, disse o ministro. "Eu, como ministro, não posso fazer nada, mas a Câmara e o Congresso no geral podem tomar as ações que julgarem adequadas", afirmou Rebelo. A audiência pública levou cerca de quatro horas.

O ministro disse ainda ser a favor de uma mudança na forma de gestão da CBF, defendendo participação estatal nas decisões. "Acho que uma entidade dessas, responsável por um dos maiores símbolos nacionais que é camisa da seleção brasileira, seja fechada a ponto do governo não poder intervir para preservar o interesse nacional", disse Rebelo.

Elefantes brancos

Em outro momento da audiência de mais de quatro horas, Rebelo refutou a hipótese de alguns estádios construídos para a Copa de 2014 em cidades com pouca tradição no futebol se tornem elefantes após o Mundial. "Não partilho desta visão. Mesmo as arenas de Manaus e Cuiabá, vistas com mais desconfiança, também justificam sua construção", afirmou o ministro.

Ele também defendeu os investimentos do governo nas Olimpíadas de 2016 e na Copa de 2014. Para ele, a maioria dos projetos que consta na Matriz de Responsabilidades (documento onde consta todas obras previstas para a Copa de 2014) seriam realizados de qualquer forma, independentemente da competição, e que serão grandes legados para a população brasileira.

Centros de Iniciação ao Esporte

Durante a audiência, o ministro anunciou a construção de 300 "Centros de Iniciação ao Esporte" pelo Brasil. Nestes locais, afirmou o ministro, haverá ginásio com quadras oficiais, espaços para esportes olímpicos como judô e esgrima, além de pista de atletismo.

Além do ministro do Esporte e do deputado federal Romário (PSB-RJ), presidente da comissão, estiveram presentes o secretário nacional de Futebol, Toninho Nascimento, o presidente da CBC (Confederação Brasileira de Clubes), Francisco Fraga, o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, o deputado Vicente Cândido (PT-SP), entre outros parlamentares e dirigentes esportivos.

"A Copa do Mundo, organizada pela Fifa, é o evento mais importante do esporte mundial. A Copa se realiza naquela que é, aos olhos do mundo, o país do futebol", afirmou o ministro. "A Copa e as Olimpíadas de 2016 são oportunidades para qualquer país que as recebe", disse Rebelo.

Senado

Mais cedo, em outra audiência pública na Comissão de Educação, cultura e Esporte do Senado, o ministro discutiu com senador Álvaro Dias, que criticou a condução das ações do governo para a Copa de 2014. O senador disse que o povo brasileiro está pagando uma conta salgada. Para ele, a sociedade devia ter sido informada do verdadeiro custo. Além disso, com as imposições da Fifa, não se avaliou o custo-benefício e está ocorrendo um "festival de superfaturamento de obras".

"Facilitamos tudo para a Fifa ter o maior lucro possível. O Brasil fica com um déficit e a Fifa leva lucro fantástico. O custo da copa virou caixa preta, falamos em números mas não temos ideia.  Recursos públicos estão irrigando o evento"Afirmou Dias. A audiência, que durou quase três horas, presidida pelo senador Cyro Miranda (PSDB-GO).

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