O engenheiro responsável pelo projeto da cobertura do Engenhão é também o profissional que responde pelas coberturas do Castelão, em Fortaleza, e da Arena Pantanal, em Cuiabá –dois estádios escalados para receber jogos da Copa do Mundo de 2014. Flávio D´Alambert, proprietário da empresa Projeto Alpha, foi quem fez os cálculos que basearam a montagem do teto do estádio olímpico do Rio, segundo a prefeitura. Na terça-feira, o espaço foi interditado justamente por problemas nessa estrutura.

De acordo com o presidente da Riourbe (Empresa Municipal de Urbanização), Armando Queiroga, os arcos que seguram a cobertura da arena estão em numa posição incorreta. Na construção do estádio, esses arcos estavam escorados. O projeto previa que, ao final da obra, as escoras fossem retiradas, os arcos se movessem um pouco e o teto assentasse. Acontece que, ao retirar os apoios, os arcos acabaram cedendo 50% a mais do que o previsto. Isso colocou a cobertura do Engenhão sob risco de desabamento.

Queiroga afirmou que quem fez os cálculos para a montagem da cobertura do Engenhão foi a Projeto Alpha, de D´Alambert. Em entrevista coletiva concedida nesta quarta-feira, o presidente da Riourbe evitou culpar o engenheiro pela interdição do estádio. Entretanto, informou que a Projeto Alpha atestou em 2007 a segurança da cobertura. Esse atestado, anos depois, foi desmentido pela consultoria alemã  SBP (Schlaich Bergermann und Partner), contratada para verificar os riscos a queda do teto do estádio.

Segundo a SBP, falhas na cobertura do Engenhão fazem com que o estádio esteja sujeito a desabamentos quando exposto a ventos de 63 km/h ou mais. O relatório da SBP foi encaminhado ao prefeito Eduardo Paes na terça-feira. Com base nele, o prefeito interditou a arena.

Enquanto a segurança do Engenhão era estudada, no entanto, D´Alambert e a Projeto Alpha continuavam a trabalhar na cobertura de outros estádios país afora. No Ceará, o engenheiro trabalhou no Castelão, a primeira arena da Copa do Mundo a ficar pronta para o torneio.

D´Alambert projetou também a cobertura da Arena Pantanal, em Cuiabá. O estádio de Mato Grosso ainda está em obras e seu telhado ainda não começou a ser montado. De acordo com a Secopa-MT (Secretaria Extraordinária da Copa de Mato Grosso), a estrutura será erguida conforme o projeto do engenheiro.

A própria Prefeitura do Rio, dona do Engenhão, usou dos serviços de D´Alambert na construção de outros equipamentos esportivos. Além do estádio olímpico, o engenheiro foi o responsável por planejar a cobertura do Parque Aquático Maria Lenk, também construído para os Jogos Pan-Americanos de 2007.

Na quarta-feira, Queiroga afirmou que a administração municipal ainda vai apurar se D´Alambert é mesmo o responsável pelas falhas que levaram ao fechamento do Engenhão. Sobre o Maria Lenk, a Riourbe não informou se uma fiscalização especial será feita no local.

A Secopa-MT disse que o projeto da cobertura da Arena Pantanal feito por D´Alambert foi submetido a rigorosos testes de qualidade, inclusive em túneis de vento. Em todos, ele foi aprovado. Por isso, não há motivos para qualquer alteração no planejamento da arena.

A Secopa-CE (Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo do Ceará) informou ao UOL Esporte que a cobertura do Castelão está pronta e não apresenta qualquer problema. Portanto, não há motivo para uma preocupação com sua a segurança.

O COL (Comitê Organizador Local) da Copa informou que não é responsável pelas obras dos estádios do Mundial. O órgão fez recomendações sobre os projetos e informou acreditar na fiscalização dos governos locais sobre segurança das arenas.

Flávio D´Alambert e a Projeto Alpha foram procurados nesta quarta-feira do UOL Esporte. Na empresa, que há 25 anos trabalha com coberturas de arenas esportivas, a reportagem foi informada que o caso deveria ser tratado somente com D´Alambert. A Alpha informou também que o engenheiro está viajando e que entraria em contato com o UOL assim que possível.