Seleção inglesa se despede de camisa e consolida a decadência da Umbro

Fernando Duarte

Do UOL, em Londres (ING)

  • EFE/Anita Maric

    Os astros da seleção inglesa posam com uniforme usado pela equipe na Copa do Mundo de 2006

    Os astros da seleção inglesa posam com uniforme usado pela equipe na Copa do Mundo de 2006

Em meio aos percalços vividos pela seleção inglesa nas eliminatórias europeias para o Mundial de 2014, a partida desta terça-feira contra Montenegro ganhou contornos mais dramáticos. O jogo também tem um marco mais simbólico: será a última vez em que o English Team entrará em campo usando camisas fabricadas pela Umbro.

Depois de seis décadas exibindo o losango caraterístico de um fabricante de material esportivo nacional, os ingleses passarão a ter a Nike como fornecedor – a estreia do novo uniforme, por sinal, será em 29 de maio, no amistoso contra a Irlanda, em Wembley, e quatro dias depois os torcedores poderão ver a camisa para jogos fora de casa na partida contra o Brasil, no Rio de Janeiro.

Num país que até a metade do século 20 foi um império, a chegada da Nike e a aposentadoria da Umbro é mais do que uma questão de troca de logotipos. Fundada como uma empresa de fundo de quintal em 1924 pelos irmãos Harold e Wallace Humphries, a Umbro se tornou uma gigante do ramo, ao ponto de no Mundial de 1966, por exemplo, ter exibido sua marca nas camisas de 15 dos 16 times que disputaram o torneio, incluindo o Brasil.

Por sinal, a associação com a seleção brasileira já existia em 1958, quando a equipe conquistou o primeiro título mundial. O domínio também se fez presente na arenas dos clubes e, mesmo com a ascensão de Adidas, Nike e Puma, o losango da Umbro foi visto nos uniformes de Ajax e Manchester United quando ambos levantaram a Liga dos Campeões da Uefa de 1995 e 1999, e no da seleção brasileira campeã do Mundial dos EUA, em 1994.

Nas décadas seguintes, porém, a empresa ficou léguas atrás da concorrência em termos de operações comerciais e desenvolvimento de produtos. Em 2008, foi comprada pela Nike por US$ 580 milhões, um valor possivelmente inflacionado pela presença da seleção inglesa na carteira de clientes. No entanto, uma combinação de fatores, que inclui até mesmo o fracasso do English Team em se classificar para a Eurocopa daquele ano, continuou a derrubar o faturamento da Umbro.

No ano passado, a Nike decidiu se livrar da Umbro, vendida por menos da metade do valor pago quatro anos antes, mas não antes de tomar a seleção inglesa, apesar de em 2009 a federação de futebol do país ter renovado até 2018 o contrato com a Umbro – supostamente avaliado em US$ 32 milhões anuais. A empresa inglesa não pode espernear, pois as finanças combalidas eram uma ameaça ao cumprimento do acordo.

Depois de vestir mitos como Pelé, Garrincha e mesmo Bobby Moore, o capitão na única conquista inglesa de um Mundial, em 1966, a Umbro agora terá de se contentar majoritariamente com equipes das divisões inferiores do futebol inglês, pois já foi anunciado que seu último grande cliente na Inglaterra, o Manchester City, passará a exibir o "swoosh" (o logo da marca) da Nike na próxima temporada.

O mais provável é que a Umbro sobreviva apenas operando como marca de nicho, em dimensões para lá de reduzidas, alimentada talvez apenas pelo saudosismo e a nostalgia pós-imperial em Londres e adjacências.

Veja também



Shopping UOL

UOL Cursos Online

Todos os cursos