A missão de Luiz Felipe Scolari para Neymar durante a estada do astro com a seleção brasileira era que ele aparecesse menos fora do campo e mais com a bola nos pés. A primeira parte o técnico até conseguiu. A segunda e mais importante, porém, não.

Nos dois jogos amistosos, os empates contra Itália e Rússia, o astro do momento no Brasil manteve a sina de não repetir o brilho já comum no seu país em campos europeus. A "zica" se reflete nos números do santista na seleção. Em 16 jogos com a camisa amarela, marcou 16 gols. Apenas três contra europeus, dois contra a fraquíssima Escócia, 66ª colocada no ranking da Fifa. Outro exemplo da dificuldade ocorreu no Santos, na final do Mundial Clubes de 2012, quando teve atuação apagada contra o Barcelona.

Tudo bem que o outro tento contra europeus foi marcado contra a tradicional Alemanha, segunda colocada do ranking. Mas Neymar teve dificuldades diante das tradicionais boas defesas de outros países do Velho Continente. Passou em branco contra Holanda Suécia, Rússia, Itália, Inglaterra, Romênia e Bósnia.

Nos últimos dois amistosos da seleção, Neymar até se esforçou e obedeceu uma das orientações de Felipão, que o exigiu empenho na marcação da saída de bola do rival. Foi assim contra os italianos, quando tentou atrapalhar Pirlo, e diante dos russos, quando o alvo foi Glushakov.

"Ele tem jogado para a equipe e bem", avaliou Felipão, após o empate com a Rússia. No amistoso, Neymar fez três desarmes e apenas uma finalização, que foi errada.

 Os números parecem importar pouco para o técnico que, desde que assumiu, repete como mantras elogios aos jovem atacante. Felipão fez questão de mostrar afinidade com o santista. No período de oito dias na Europa, manteve com ele conversas durante o tempo livre no hotel.

 A "resenha", na gíria dos boleiros, não tratou apenas de futebol. Felipão diz ter dado conselhos para vida pessoal de Neymar.

"Outro dia falamos até sobre investimentos, sobre como pensar o futuro", contou o técnico, que também se mostrou preocupado com a agenda atarefada do astro.

"Eu disse a ele que aqui com a gente não será tão exposto como é no Santos. Lá ele precisa cumprir uma série de compromissos. Aqui será preservado", disse o treinador.

Scolari vetou entrevistas exclusivas do jogador, que, durante a estada na Europa, respondeu aos jornalistas apenas em entrevistas coletivas.