Um empresário de jogador ofereceu-se para colocar Leomar na seleção ou em um clube grande, segundo o presidente do Sport, Luciano Bivar,disse ao UOL Esporte. O valor pago foi insignificante e o dirigente não tem certeza sobre a eficácia do pagamento. Segundo o dirigente, é comum que lobistas, em geral agentes de atleta, se apresentem para por um atleta em um time ou no time brasileiro. 

"Ele [empresário] me abordou. Acontece naturalmente. Deve ter acontecido outras vezes", contou o cartola pernambucano. "Fornecemos o scout do Leomar porque tínhamos interesse de botar o jogador na seleção ou em um grande clube", explicou o dirigente.

Logo depois, Leomar foi vendido para a Coréia do Sul. Bivar disse que o negócio até foi lucrativo para o Sport, mas não em grandes valores.

"Não foi significativo [o valor que paguei]. Não me recordo. Vendemos para a Coréia e também não recebemos muito dinheiro", contou o dirigente, que não tem certeza da eficácia do lobby do empresário para a convocação do jogador do Sport. "Se não colocou o jogador na seleção [e ele foi convocado por motivos técnicos], perdemos o dinheiro. Se botou [na seleção], valeu."

Na convocação de Leomar, o técnico da seleção era Emerson Leão, que justamente tinha acabado de deixar o Sport presidido então por Bivar. Questionado porque não falou diretamente com o treinador, o dirigente deu a entender que havia outras influências na lista de chamados para o time brasileiro. E negou envolvimento do treinador.

"[Leão] Não era dono da CBF. Não era o único na seleção. Havia toda uma comissão técnica", explicou o presidente do clube pernambucano. Ao mesmo tempo, ele evitou críticas diretas à confederação.

Marco Antônio Teixeira, então secretário-geral da CBF, afirmou que não havia interferências nas convocações naquele época. "Eu cuidava da seleção por orientação do então presidente Ricardo Teixeira. E ele não queria saber de convocação. Objetivamente, a CBF não tem relação com isso."

No geral, Bivar atacou o sistema do futebol brasileiro em que, segundo ele, agentes atuam como lobistas a todo momento para arrumar vagas para atletas.

"Sou presidente do Sport. Se quiser botar um jogador em um clube, pago R$ 100 mil para o empresário levá-lo para um clube. Ai, ele vai lá e negocia com o outro clube e recebe mais R$ 50 mil para contratar o atleta", contou.

E afirmou que também ouve constantes rumores sobre propinas recebidas por dirigentes para receber jogadores em seus times. "Acontece esse tipo de oferta. Isso sempre ouvi", explicou, negando que já tenham lhe feito esse tipo de proposta. "Por isso, contratei um diretor de futebol honesto."

Em relação à seleção, o presidente do Sport disse que nunca participou de nenhum outro lobby para tentar levar atleta para o time nacional. Mas, na sua opinião, esse tipo de atitude deve continuar a acontecer. "O Felipão deve receber toda hora uma dica de um jogador do Qatar, da Arábia. Como é íntegro, deve mandar alguém para observar", observou.

Por fim, Bivar afirmou que não tinha o objetivo de obter grande repercussão com suas declarações dadas inicialmente à Rádio Transamérica, de Recife. Ele classificou a primeira entrevista como um  "lapso". Para ele, o que deve se pensar é em uma mudança no futebol brasileiro para que se acabe com a influência de lobistas. Na sua opinião, isso se intensificou após a Lei Pelé, que deu liberdade aos atletas. O cartola pernambucano defende que deve se voltar ao período em que os clubes tinham os direitos sobre os atletas.