Surpresa de Felipão tem acusação de racismo e mesmo agente do técnico
José Ricardo Leite e Paulo Passos
Do UOL, em São Paulo
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AFP PHOTO/CRISTINA QUICLER
Brasileiro Diego Costa comemora gol do Atlético de Madri sobre o Sevilla, pela Copa do Rei
Novidade na lista de Luiz Felipe Scolari para os amistosos contra Itália e Rússia, o sergipano Diego Costa tem um currículo um tanto inusitado para um jogador de seleção brasileira. Aos 24 anos, já defendeu oito clubes na carreira. Na atual equipe, o Atlético de Madri, ele se firmou como titular na atual temporada, após passar um ano emprestado ao Rayo Vallecano.
Diego é natural de Lagarto, cidade no Sergipe a 75 km de distância da capital, Aracaju. Nunca jogou profissionalmente no Brasil e saiu há sete anos para tentar a carreira de atleta no futebol português por meio de um empresário que o viu jogar em São Paulo, quando tinha 15 anos e jogava no Barcelona de Ibiúna. Atuou no Sporting, de Portugal, até 2007, quando foi adquirido pelo Atlético de Madrid. Jogou por empréstimo no Celta de Vigo, Albacete e Valladolid. Se firmou no time nesta temporada.
"Sei que sou pouco conhecido no Brasil, que vim muito cedo pra Europa. Não vou mudar minha forma de jogar, sou agressivo e através disso vou tentar ser conhecido pelo meu jogo. Estou sempre no contato, na luta física e buscando sempre estar em movimento e abrir espaços e fazer gols. Todo zagueiro que joga contra sabe que luto e batalho muito, sou um brigador", se resumiu o atleta ao UOL Esporte.
Diego começou titular em 25 das 43 partidas do time de Madri na temporada. Jogos como o empate contra o Sevilla, na última quarta-feira, que garantiu a classificação do clube na final da Copa do Rei. A partida foi uma das disputadas pelo meia-atacante vistas por Felipão.
"O jogo de quarta do Atlético de Madri com o Sevilla nos deu certeza de que ele merecia estar aqui. Estou observando o Diego Costa desde que assumi a seleção e coletei detalhes dos últimos jogos com treinadores europeus. É um atleta que merece essa oportunidade, tem característica importantes já que é forte, sabe guardar posição e os atacantes que jogam ao lado desfrutam muito da presença dele", afirmou o técnico.
Não foi o bom futebol visto por Felipão que levou o brasileiro a virar notícia após a partida. O meia-atacante foi acusado de ter atitudes racistas durante o jogo.
"Senhor Costa, na próxima vez em que você fizer barulhos de macaco, vai ter que segurar..." escreveu o jogador francês Geoffrey Kondogbia, meio-campista do Sevilla, no dia seguinte ao jogo, na sua conta do Twitter. Diego Costa negou e disse jamais teria um ato racista. "Nunca faria isso, pois sei que tem câmeras e tenho negro da família. Fiquei até surpreso depois. Acho que ele fez isso pra ver se diminuía a suspensão que ele pegou por conta da expulsão. Nesse ponto não chegou nada da minha parte", se explicou.
Diego diz que não provoca pelas palavras, mas só pelo jeito de jogar. Aqui eu tenho a fama de provocador, é minha forma de jogar. Zagueiro nenhum gosta de atacante assim de contato e por isso sai faísca e muitas vezes eles perdem a cabeça. Minha forma de jogar pode ser provocativa. O atacante chato é o que se movimenta e fica mais difícil."
O meia-atacante é agenciado pelo português Jorge Mendes, dono da empresa Gestifute, e apontado na Europa como o empresário mais influente do futebol. Felipão tem sua carreira administrada pelo agente. Mendes trabalha também com o técnico do Real Madrid, José Mourinho, e é responsável pela gestão da carreira de dezenas de jogadores dos maiores clubes da Europa, como Cristiano Ronaldo, Falcao García e o brasileiro Thiago Silva.
MEDO DE INVESTIDA DA ESPANHA LEVOU SCOLARI A ANTECIPAR CHAMADO
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Na entrevista coletiva após a convocação dos jogadores que enfrentarão Itália e Rússia, Felipão não poupou elogios ao novato da lista. "Estou observando o Diego Costa desde que assumi a seleção e coletei detalhes dos últimos jogos com treinadores europeus. É um atleta que merece essa oportunidade, tem característica importantes já que é forte, sabe guardar posição e os atacantes que jogam ao lado desfrutam muito da presença dele", afirmou. O técnico também admitiu que o medo de que o jogador fosse chamado para defender a Espanha, o levou a convocar o meia-atacante logo. Atuando numa partida pelo Brasil, Diego já não poderia mais ser chamado por outra seleção. "Só me perguntaram uma vez, vindo de um jornalista, se eu jogaria na Espanha caso nunca tivesse chances no Brasil. Falei que sim", conta Diego.