As obras do Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, praticamente não andaram em fevereiro. O local, que será a sede do jogo de abertura da Copa das Confederações, iniciou o mês com 89% das obras concluídas, de acordo com o governo do Distrito Federal. No final do mês, ainda de acordo com o governo local, o estádio estava 90% pronto.

Assim, para inaugurar a arena no dia em que anuncia, 21 de abril, data do aniversário da cidade, o governo distrital precisa mais que quintuplicar o ritmo dos trabalhos nesta reta final, embora as autoridades públicas anunciem que a obra, a mais cara da Copa (orçada em mais de R$ 1 bilhão), já está "seguindo em ritmo acelerado" desde o início do ano. 

No início de fevereiro, a Secretaria de Comunicação do DF informou que os trabalhos no Mané Garrincha haviam atingido 89% de conclusão. Semanas depois, no dia 20 do mesmo mês, a pasta informou que a obra seguia estacionada nos mesmos 89% de conclusão: "O Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha está com 89% das obras concluídas. A construção segue em ritmo acelerado e cumpre o cronograma estabelecido pela Fifa para sua inauguração em 21 de abril, data do aniversário de Brasília", dizia nota oficial do governo do DF. Na verdade, a data original de entrega do estádio era 31 de dezembro de 2012, mas não foi cumprida.

Já na última sexta-feira, dia 1º de março, o governo distrital informou: "A construção do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha está 90% concluída. A obra segue em ritmo acelerado e cumpre o cronograma estabelecido pela Fifa". Dessa forma, durante o mês de fevereiro, que tem 28 dias, a obra avançou a uma média de 0,035 ponto percentual ao dia.

Assim, considerando que entre os dias 1º de março e 21 de abril há 52 dias, e que a obra terá que avançar os 10% restantes para ficar pronta, o ritmo de trabalho terá que ser de 0,19 ponto percentual ao dia, ou seja, a obra terá que andar 5,4 vezes mais rápido do que andou em fevereiro.

Além disso, apesar de o dado oficial ser o de que a obra está 90% concluída, a impressão que se tem ao observar o canteiro de obras do Mané Garrincha é de que há ainda muito trabalho a fazer.

A cobertura do estádio, por exemplo, é constituída por estruturas metálicas de sustentação revestidas por uma espécie de tecido de 90 mil m². O material será divididos em duas camadas: uma superior e outra inferior, como uma espécie de forro. A película principal está sendo instalada no topo da cobertura, repartida em 48 módulos, dos quais apenas sete já estão posicionados.

Das 71 mil cadeiras que serão instaladas nas arquibancadas, nenhuma está instalada. A área onde será o gramado hoje em dia está ocupada por guindastes e caminhões, que paralisam suas atividades em dias de chuva, comuns nesta época do ano em Brasília, e o terreno onde ficará o campo de jogo é tomado pela lama.

A montagem dos camarotes, a instalação dos refletores e demais equipamentos de iluminação, do placar e das placas de sinalização ainda não começaram. A licitação para a compra dos móveis para as suítes da Fifa e CBF (sofás, tapetes, televisores etc) ainda não foi lançada. 

Já a obra de urbanização da região do entorno do estádio, bem como a construção de um túnel de 300 metros que deverá ligar a arena ao Centro de Imprensa da Copa, em que o governo do Distrito Federal pretende consumir R$ 300 milhões, está suspensa pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal.

* Colaborou José Cruz, do UOL, em Brasília