Banco do Brasil libera R$ 150 milhões para Odebrecht tocar Itaquerão

Roberto Pereira de Souza

Do UOL, em São Paulo

  • Leandro Moraes/UOL

    Técnicos da Fifa e do Comitê Organizador Local vistoriaram as obras do Itaquerão

    Técnicos da Fifa e do Comitê Organizador Local vistoriaram as obras do Itaquerão

A Odebrecht e o Banco do Brasil acabam de assinar um contrato de empréstimo ponte no valor de R$ 150 milhões que serão investidos na obra da arena do Corinthians, em Itaquera, Zona Leste de São Paulo.  Em dezembro a construtora foi ao mercado mais uma vez para conseguir o primeiro empréstimo de valor aproximado. Esse esforço é para tocar  o estádio que vai abrir a Copa 2014, até que o empréstimo de R$ 400 milhões seja liberado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES).

O dinheiro do BNDES deverá ser pago em 15 anos. Até lá, os donos da arena serão Odebrecht e Banco do Brasil. Um analista que conversou com UOL sob condição de anonimato garantiu que “o dinheiro do BNDES deverá ser liberado por volta de junho”. Até lá, os custos operacionais serão mantidos pelo novo empréstimo liberado pelo Banco do Brasil

O BB será também o agente repassador do dinheiro a ser liberado pelo BNDES. O banco de fomento estatal não empresta diretamente dinheiro a tomadores particulares (só para governos, com pagamento  garantido pelo Tesouro Nacional).

“Sendo agente repassador nada mais natural que o segundo empréstimo seja feito pelo BB”, disse o analista.  “Como repassador, o banco transfere o dinheiro da carteira do BNDES, cobra uma taxa de intermediação e fecha o contrato com o cliente”, explicou o técnico.

A maior dificuldade operacional na gestão da obra e a liberação do capital necessário para execução do projeto é a aceitação das garantias reais, exigidas pelo BNDES.

 

As obras do Itaquerão
As obras do Itaquerão

Como a Odebrecht não tem ações na Bolsa de Valores de São Paulo, o banco estatal exige garantias de 130% do valor emprestado. No empréstimo de R$ 400 milhões, a construtora deverá oferecer R$ 520 milhões em garantias.

 

Apesar da tensão do calendário apertado para entregar o estádio até dezembro de 2013, dentro da construtora a expressão falta de caixa é quase proibida.

“Não se trata de falta de caixa para tocar a obra. Cada obra exige um processo financeiro. Empréstimo-ponte é normal em um financiamento de grande porte, quando se tem a participação de banco estatal”, explicou um analista envolvido no processo, sob condição de anonimato.

A arena do Corinthians deverá custar cerca de R$ 820 milhões fora taxas de repasse erisco, juros bancários, remoção dos dutos da Petrobras e instalação dos assentos removíveis. Ao final, a obra deve passar de R$ 1 bilhão, segundo analistas financeiros consultados pelo UOL. Os títulos da prefeitura (CIDs) deverão ser comercializados até junho, no valor total de R$420 milhões.



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