Túnel de vento obriga técnicos a mudar cálculos para cobertura do Itaquerão

Roberto Pereira de Souza

Do UOL, em São Paulo

Rajadas de Itaquera, simuladas em túnel de vento na Alemanha, obrigam engenheiros a ajustar os cálculos de estrutura para a cobertura do novo estádio do Corinthians, em obras na Zona Leste de São Paulo e que deverá abrir a Copa 2014. Os técnicos alemães foram contratados especialmente para calcular a estrutura de fixação da cobertura do Itaquerão, que tem formato de asas.

 “Os cálculos estão sendo refeitos para que a cobertura suporte a vibração e “não alce voo”, explicou o engenheiro Joerg Spangenberg, do escritório alemão Werner Sobeck, em São Paulo.

. “Não temos muito vento no Brasil, mas como a cobertura é uma asa, precisamos garantir que fique fixa, sem vibração nas rajadas da Zona Leste”, confirmou  o engenheiro.

Segundo Spangerberg, a estrutura em aço mescla leveza e resistência, seguindo a escola alemã de construção ultraleve, que causa menos impacto ambiental. O projeto prevê a cobertura de um espaço de cerca de 120 metros de extensão:

“Quanto menor o peso menos impacto, mas a fixação da estrutura tão leve exige ajustes em túnel de vento. As rajadas são nosso primeiro desafio nessa obra e gostamos de enfrentar e vencer esses desafios”, disse o técnico.

Na verdade, o escritório alemão tem vários desafios até a conclusão das obras do Itaquerão. O vento em rajadas pode ser controlado em laboratório.  Mas ainda há a questão dos custos e calendário apertado para a conclusão de todo o projeto.

O ritmo é acelerado no canteiro de Itaquera, que avança para a conclusão de 30% dos trabalhos previstos até a entrega final. Inicialmente, discutiu-se que a cobertura seria retrátil mas os custos seriam muito altos para o orçamento previsto.

“Estrutura retrátil é muito bem recebida pelos torcedores do mundo todo. É uma festa quando o teto se abre ou se fecha durante a chuva. Chegou-se a pensar em estrutura móvel, mas os custos eram altos”, explicou Spangenberg. O engenheiro disse ainda que por enquanto, os prazos estão sendo mantidos, “mas que a correria vai começar daqui a pouco”, sem querer detalhar as etapas da construção. 

A cobertura dos estádios para a Copa custam cerca de 20% do valor total da obra, ou cerca de R$ 180 milhões  para ao caso da arena corintiana.

O padrão Fifa estabelecido para estádios que sediam jogos internacionais exige que as coberturas sejam mais arejadas. Além do Corinthians, outras cinco arenas usarão estruturas mistas para instalação de membranas sintéticas ou um tipo de tecido especial.

“O Corinthians terá  uma cobertura de telha rugosa. A parte de baixo da estrutura (como se fosse um forro) será mista”, disse Spangenberg. “Além da vibração provocada pelas rajadas de vento, temos ainda o desafio da resistência  e do efeito acústico”.

A durabilidade da estrutura deve chegar a 40 anos, prevê Spangenberg: “temos uma referência de  durabilidade de 35 anos, no mínimo. Mas queremos 40 anos para que a obra seja sustentável ao longo dos anos, com baixa manutenção”.

A obra do Itaquerão vem sendo bancada pela Odebrecht até que o BNDES aprove a operação de empréstimo de R$ 400 milhões. O pedido de crédito está sob análise do banco estatal há dois meses. No total o custo do Itaquerão será de cerca de R$820 milhões fora despesas bancárias. Cerca de R$ 420 milhões serão captados por um fundo especial, que negociará títulos de isenção fiscal ( IPTU e ISS) emitidos pela Prefeitura de São Paulo (certificados de incentivo ao desenvolvimento).

As obras do Itaquerão
As obras do Itaquerão


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