Jornalista que denunciou suborno de oficiais da Fifa comemora renúncia de Teixeira
Roberto Pereira de Souza
Do UOL, em São Paulo
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Divulgação/Panda Books
Jennings: "Teixeira saiu por pressão do Governo"
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O jornalista inglês Andrew Jennings, autor do livro Jogo Sujo (sobre o recebimento de propina por parte de oficiais da Fifa), celebrou a saída de Ricardo Teixeira da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). “É uma excelente notícia”, disse o jornalista na segunda-feira à noite, em contato com o UOL Esporte, por telefone.
Apesar de celebrar a renúncia de Teixeira, Jennings admitiu que “o trabalho de limpeza ainda não está completo”: “é hora de limpar todo o COL (Comitê Organizador da Copa 2014). As pessoas que estão lá respondem a Teixeira”.
“Teixeira saiu devido à pressão do governo", disse Jennings, de Londres. "O Brasil é um país soberano e não deve ficar submetido a pessoas como o secretário geral da Fifa, Jérôme Valcke e o ex-presidente da CBF. Quem Valcke pensa que é para querer chutar o traseiro de brasileiros por conta de supostos atrasos nas obras da Copa 2014?”, disse o jornalista.
Recentemente, Valcke disse que o Brasil precisava de um chute no traseiro para acelerar as obras da Copa 2014. O governo brasileiro reagiu e a Fifa se desculpou. O caso ainda não está encerrado. A viagem do secretário geral ao Brasil, que começaria na última segunda-feira, foi cancelada.
Em Brasília, o Planalto espera a vinda do presidente Joseph Blatter para os próximos dias. Ninguém fala sobre a possibilidade de Valcke estar na comitiva oficial da Fifa.
“O governo brasileiro deveria mandar um sinal ao mundo inteiro quanto a seu interesse de se livrar desse grupo liderado por Valcke e Teixeira. Sinto pelo Ronaldo, mas ele teria de sair também. Todos indicados por Teixeira devem sair e a Fifa deveria se livrar de Valcke o mais rápido possível.
Jennings também comentou o fato de uma filha menor de Teixeira ter recebido de uma empresa de marketing esportivo (Alianto), de propriedade do presidente do Barcelona, Sandro Rossel, um depósito bancário suspeito.
A Alianto está sendo investigada por suposto desvio de R$ 9 milhões, gerados na promoção do amistoso entre Brasil e Portugal, no Distrito Federal, em 2008. Parte desse dinheiro apareceu na conta da filha de Teixeira, em um banco situado na Barra, no Rio de Janeiro.
“Isso é pior que receber propina. Usar uma criança nessas transações é abuso contra menor”, finalizou Jennings.