Para Blatter, ainda há questões políticas entre Fifa e Brasil a serem resolvidas para a Copa

Do UOL, em São Paulo

  • EFE

    Blatter quer que o Brasil se responsabilize por eventuais acidentes naturais na Copa

    Blatter quer que o Brasil se responsabilize por eventuais acidentes naturais na Copa

O presidente da Fifa, Joseph Blatter, afirmou em entrevista ao site da Federação Sul Americana de futebol, que há ainda uma questão política a ser resolvida com o governo brasileiro para a realização da Copa do Mundo. Apesar disso, o dirigente da entidade máxima do futebol mundial afirmou estar confiante de que irá resolver a questão até o final de março, quando virá ao Brasil para um encontro com a presidente Dilma Rousseff.

POLÊMICA QUE PERDURA

  • Arte/UOL

    As diferenças entre Fifa e Brasil em relação às garantias para casos de catástrofes naturais ou terrorismo já levou a Advocacia Geral da União a se recusar a assinar um texto sobre as garantias escrito em inglês. A versão assinada, em português, não agradou à Fifa. LEIA MAIS

"Existe ainda um pequeno problema referente às garantias do poder político. Mas, no final de março, devo me reunir com a presidente Dilma Rousseff e seguramente solucionaremos tudo. O Brasil fará um Mundial extraordinário", afirmou Blatter.

O dirigente se refere a um ponto específico das garantias que o Brasil assinou com a Fifa quando se candidatou a ser sede da Copa. Trata-se da definição de quem será o ente responsável legalmente para o caso de problemas gerados durante a Copa por incidentes como catástrofes naturais ou atos de terrorismo.

A Fifa quer que a Lei da Copa deixe muito claro que o governo federal deverá indenizar a entidade e outros envolvidos em quaisquer casos de prejuízos gerados por catástrofes naturais, atos de terrorismo ou de guerra.

O problema é que, em casos de sinistros gerados por catástrofes naturais, como enchentes ou vendavais, a Constituição Federal não é clara no sentido de responsabilizar o Estado e obrigá-lo a indenizar as vítimas. Há jurisprudência nos tribunais tanto responsabilizando os entes públicos, em casos que se constata omissão do poder público em realizar obras contra enchentes, por exemplo, como de isenção do Estado de qualquer responsabilidade, no caso de catástrofes consideradas absolutamente fortuitas e inevitáveis.

"Não temos tradição de jurisprudência responsabilizando o Estado por catástrofes naturais e atos de terrorismo. A Fifa quer ir além das garantias constituicionais", afirma o deputado Vicente Cândido, relator da Lei Geral da Copa. 

Embora não confirme oficialmente, a Fifa já demonstrou seu descontentamento com o tema. Em visita ao Brasil no início da segunda quinzena de janeiro, o secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, deu a seguinte declaração à imprensa: "Desastre natural e segurança no país não podem ser responsabilidade da Fifa, têm que ser do governo. Não podemos ser responsáveis por eventos deste tipo".

Otimismo em relação aos estádios

Já em relação à construção das arenas que receberão as partidas da Copa, Blatter está otimista: "Os estádios estarão prontos, não há nenhum problema. Há pessoas que ainda colocam o Mundial em dúvida, mas se esquecem que o Brasil é hoje a sexta potência do mundo e, para 2014, estima-se que será a quinta".

O dirigente ainda falou sobre as críticas ao legado da Copa passada, realizada na África do Sul, em 2010. "Bem, no momento em que designamos o país para organizar o Mundial, em 2004, a república sul-africana tinha 10 anos de vida, porque foi fundada em 1994. E a única coisa que se falava antes sobre a África do Sul era de seu sistema de apartheid e, naturalmente, também do advento do grande humanista mundial que é Nelson Mandela".

Joseph Blatter
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