Inglaterra 'imita' Felipão e contrata psicólogo para Copa
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Phil Noble/Reuters
Roy Hodgson assumiu a seleção inglesa em maio de 2012 após a saída do italiano Fabio Capello
Depois de ver sua seleção cair no grupo da morte da Copa do Mundo e ser escalada para jogar no "temido" calor de Manaus, no norte do Brasil, o técnico da Inglaterra, Roy Hodgson, adotou uma nova estratégia para ter sucesso no Mundial.
O treinador "imitou" o colega brasileiro, Luiz Felipe Scolari, e contratou um psiquiatra para trabalhar com o lado emocional dos seus jogadores.
Doutor Steve Peters é o nome do novo membro da delegação inglesa que virá ao Brasil, com a missão de tratar as mentes dos jogadores britânicos e prepará-los para enfrentar os desafios da Copa no Brasil.
O psiquiatra ficou conhecido na Inglaterra pelos trabalhos que fez com a equipe inglesa de ciclismo na Olimpíada de 2012, quando o país faturou 12 medalhas na modalidade. Atualmente, ele trabalha com o Liverpool, clube que está em segundo lugar na disputa pelo título do Campeonato Inglês.
A estratégia pode ser nova na Inglaterra, mas já é velha conhecida na seleção brasileira. O técnico Luiz Felipe Scolari apostou no trabalho psicológico com a equipe nacional a já na Copa de 2002, a última vencida pelo Brasil, e novamente contará com uma profissional da área para auxiliá-lo na campanha pelo hexacampeonato.
"Copiando" a tática brasileira fora dos gramados, o técnico da Inglaterra, Roy Hodgson, acredita que, com a ajuda de Peters, a equipe britânica estará mais preparada para atingir seus objetivos na Copa do Mundo.
"Ele tem um histórico fantástico. Estamos felizes que contratamos o cara que precisávamos", comemorou o treinador. "Ele é alguém que consegue entender o ambiente do futebol e não vai ser alguém apenas para dar palestra aos jogadores."
A Inglaterra não terá vida fácil na Copa e precisará passar por um grupo que conta com dois campeões mundiais – Itália e Uruguai -, além da Costa Rica. Se passar pela primeira fase, o time inglês ainda terá que superar o "tabu" dos últimos quatro Mundiais, em que a Inglaterra parou nas oitavas ou nas quartas de final.
"Temos que garantir todos os benefícios que possam ajudar nossa equipe a vencer as partidas e ir mais longe no campeonato", afirmou Hodgson.
Expectativa
A própria seleção inglesa já está animada com a chegada do "reforço" do psiquiatra. O meia Steven Gerrard, que joga no Liverpool, conheceu o trabalho de Peters.
"Ele me ajudou muito do ponto de vista pessoal. Especialmente quanto eu tive uma lesão séria em 2010 e estava com medo de ter que abandonar o futebol", disse.
"Ele não pode transformar ninguém em um (craque como) Cruyff, mas pode ajudar muito a entender o que se passa na cabeça dos jogadores. Eu tive a minha melhor fase no Liverpool e na Inglaterra desde que comecei a me tratar com ele", prosseguiu Gerrard.
Exemplo brasileiro
Desde sua primeira passagem pela seleção brasileira, Scolari não se preocupa em tratar apenas o físico dos jogadores e aposta em um tratamento também para a mente, com o intuito de preparar um time forte o suficiente para ser campeão.
Em 2002, a estratégia deu certo. Felipão contratou a psicóloga Regina Brandão, que trabalhou de perto com os jogadores e ajudou na construção daquele grupo que ficou conhecido como "Família Scolari".
A equipe, que tinha Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e Rivaldo dentro de campo, superou grandes rivais como a própria Inglaterra e a Alemanha para conquistar o pentacampeonato.
No retorno à seleção, o treinador apostou na mesma tática e trouxe novamente Regina Brandão para trabalhar com o grupo. O desafio dela desta vez é ainda maior por ter que ensinar os jogadores a lidarem com a grande pressão que estará sobre eles na Copa disputada em casa.
Atualmente, o trabalho dela tem sido baseado em um questionário que ela fez com os jogadores perguntando qual seria a reação deles em situações distintas – um gol evitado, uma derrota, etc. Com as respostas, ela pode traçar o perfil de cada um deles e, assim, adotar a estratégia correta para obter os melhores resultados com cada.