Copa 2018

Da "Copa das Copas" à frieza russa. Como clima pré-Mundial mudou em 2017

Pedro Lopes

Do UOL, em Moscou, Rússia

01/12/2017 00h00

O estrangeiro desavisado que desembarcar na Rússia, se não passar pela sinalização da Fifa, pode sequer perceber que o país será palco da Copa do Mundo de 2018 – ou sedia, nesta sexta, às 13h, o sorteio dos grupos do Mundial, que terá acompanhamento ao vivo do UOL. O contraste da temperatura negativa com os mais de 30 graus de 2013, na versão do sorteio organizada pelos brasileiros na Costa do Sauípe, é também um termômetro da temperatura dos russos em relação ao ilustre torneio. Pelo menos por enquanto.

A barreira da língua já torna difícil para um visitante capturar sinais de entusiasmo ou clima de Copa em Moscou, e o alfabeto em cirílico que domina a paisagem cria um obstáculo quase intransponível até para a sinalização visual. Aos poucos, entretanto, algumas coisas deixam transparecer que o Mundial ainda não é significativo na vida da capital russa: das placas Fifa esquecidas, apontadas para a parede no aeroporto Domodedovo, ao isolamento das estruturas oficiais do sorteio.

AFP PHOTO / Mladen ANTONOV
Policiais em serviço diante do Kremlin, em Moscou, onde ocorrerá o sorteio da Copa Imagem: AFP PHOTO / Mladen ANTONOV

Em 2013, no cenário quente e paradisíaco da Costa do Sauípe, as delegações se concentraram em um resort que respirou e exalou Copa do Mundo – encontros constantes e frequentes entre técnicos, lendas do esporte e celebridades, em distâncias caminháveis e pano de fundo de capa de revista. Não à toa, foi na abertura deste sorteio que a então presidente do Brasil Dilma decretou: “faremos a Copa das Copas”.

A expressão serve como um marco informal para a gradual substituição do pessimismo que veio na esteira da Copa das Confederações e dos protestos de 2013 por um clima de “abraço” ao Mundial, o “vai ter Copa sim”. Teve Copa e ela, com seus defeitos, foi marcada pelo clima festivo e a integração entre culturas e nacionalidades nos mais diversos graus.

A integração está em falta na Rússia. Diante da dificuldade imensa em se comunicar, a saída tácita quase sempre é o silêncio. Detectores de metais e olhares severos de seguranças ou policiais separam os espaços de convivência, aos montes, às dezenas: estão na porta de hotéis, shoppings, estações de trem e restaurantes. Em Moscou, os engarrafamentos constantes a qualquer horário potencializam as distâncias.

Se refletir o clima das ruas de sua capital durante esta semana, o sorteio dos grupos do Mundial de 2018 tem tudo para passar longe das passistas que subiram ao palco com Joseph Blatter em 2013. Uma Rússia e um gigantesco escândalo de corrupção depois, Putin deve dizer, à sua maneira, que também fará a copa das copas. Quando o fizer, no Kremlin, não haverá risadas.

Em comum com o Brasil, apenas alguns problemas: de logística, de mobilidade urbana, de organização. As gracinhas feitas com o Brasil em 2013 pelos atrasos e pela bagunça poderiam tranquilamente se aplicar aos russos, se alguém se atrever a fazê-lo.

Moscou exala uma aura estoica, e sua balança pende para a demonstração de força e potência muito mais do que para alegria, espontaneidade e felicidade. Se o clima do sorteio dos grupos de 2017 for uma prévia da Copa de 2018, todo e qualquer sinal do jeito brasileiro de ser no Mundial ficará a cargo de Tite e seus 23.

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