12/07/2010 - 07h01

ABC da Copa - O melhor do Mundial em 26 verbetes

Alexandre Sinato, Bruno Freitas e Mauricio Stycer
Em Johanesburgo (África do Sul)

Foram 31 dias, 64 jogos e muita história para contar. Foi um período fértil em novidades, surpresas, revelações, decepções e piadas. O que segue abaixo é o esforço de resumir, de A a Z, o melhor e o pior da Copa do Mundo de 2010.

A - África do Sul

Flavio Florido/UOL O país-sede deu um show. Com belos estádios, ótima infraestrutura, boa organização, segurança e enorme simpatia, os anfitriões terminam a Copa, com justiça, orgulhosos do que foram capazes de fazer. Houve falhas e problemas, é claro, mas o resultado geral coloca um grande desafio para o Brasil: fazer algo semelhante em 2014.

B - Blatter

AFP Em tom de brincadeira, um jornalista sul-africano pediu: “Nomeie Sepp Blatter presidente da África do Sul e salve o mundo”. O presidente da Fifa manda e desmanda – e não apenas no planeta do futebol. O presidente da França ameaçou intervir na federação francesa de futebol, mas o cartola mais poderoso do mundo bateu na mesa, obrigando Nicolas Sarkozy a recuar.

C – Cinta

Era um dos segredos mais bem guardados da seleção, até que o português Raul Meireles acertou um pisão nas costas de Julio Cesar. Ao ser socorrido, o goleiro deixou à mostra a cinta de proteção que usava. “Me sinto mais seguro, psicologicamente, jogando com ela”, explicou. A cinta virou notícia depois que se descobriu que ela continha metal, o que é proibido pela Fifa. Folhapress

D – Dunguismo

O Brasil e o mundo foram apresentados à peculiar filosofia de trabalho do técnico da seleção verde-amarela. Dunga isolou seus jogadores de qualquer contato com outros seres humanos, elegeu a imprensa como inimigo número um, cobrou patriotismo do povo e armou uma das seleções menos brasileiras de todos os tempos, repleta de volantes e meias sem poder de criação, além da “melhor defesa do mundo”.

E - Estrelas cadentes

Esperava-se muito de Kaká, Cristiano Ronaldo e Messi. O mundo teria a chance de ver, numa mesma Copa, em três seleções de ponta, os últimos três eleitos com o cobiçado título de melhor jogador do mundo. O brasileiro chegou em más condições, o português não desabrochou e o argentino, apesar de algumas boas atuações, deixou a África do Sul sem marcar um único gol. Três decepções. AFP

F - Felipe Melo

AFP Uma das principais apostas de Dunga, o volante da Juventus de Turim completou na África do Sul uma temporada desastrosa. Em todas as casas de apostas, Felipe era considerado favorito a um cartão vermelho nesta Copa. Ganhou o seu no pior momento, depois de pisar Robben quando o Brasil perdia para a Holanda por 2 a 1. Ficará marcado como o maior símbolo do fiasco de Port Elizabeth.

G - Gols

Foi uma Copa magra em bola na rede. Com 145 gols, e média de 2,27 por jogo, conseguiu ao menos deixar para trás, por pouco, o pior Mundial de todos, o de 1990, que teve média de 2,21 gols por partida. A principal causa, além da Jabulani, foi o excesso de zelo com que a maioria das equipes atuou. Na primeira rodada, por exemplo, foram assinalados apenas 25 gols em 16 jogos, média de 1,56 por partida.

H - Holandeses voadores

Esperava-se muito de Robben e Sniejder, que brilharam na última temporada europeia. O primeiro chegou à Copa contundido e demorou a engrenar. Acabou brilhando na partida decisiva, contra o Brasil. O segundo, artilheiro da seleção no Mundial, acabou sendo o personagem principal da epopéia laranja, com gols decisivos e assistências fundamentais. Com 1m70, triunfou de cabeça sobre Lucio e Juan. Reuters

I - Itália e Inglaterra

A palavra “decepção” não exprime de forma suficiente o papel da Itália na África do Sul. Cabeça-de-chave de um grupo formado também por Eslováquia, Paraguai e Nova Zelândia, a última campeã mundial terminou em último, com dois empates e uma derrota. Os ingleses foram um pouco mais longe, mas terminaram em segundo no seu grupo, atrás dos EUA, e foram obrigados a enfrentar a Alemanha logo nas oitavas, dando bye-bye à Copa mais cedo.

J - Jabulani

AFP A bola da Copa foi uma das estrelas da competição, não por causa do seu nome sonoro, mas pelo estranho efeito que ela ganha quando chutada com força. Julio Cesar, “melhor goleiro do mundo”, abriu o berreiro, sendo seguido por 9 entre 10 jogadores da Copa. Os únicos que não a criticaram, ou pegaram leve, foram os atletas patrocinados pela Adidas. Para complicar ainda mais, os gramados na África do Sul decepcionaram, apresentando falhas e buracos depois de poucos jogos, o que obrigou a Fifa a cancelar inúmeros treinos de reconhecimento.

K - Ke Nako

Espalhado por toda a África do Sul, o slogan da Copa do Mundo intrigou muita gente. Houve quem pensasse, ao ver o slogan no ônibus da seleção da Coreia do Sul, que se tratava de uma palavra em coreano. Uma das traduções possíveis do termo zulu seria “a hora é agora”. Outra palavra que entrou para o vocabulário foi “Bafana Bafana”, apelido da seleção sul-africana, que significa “os garotos”, em zulu.

L - Larrionda

O trio de arbitragem uruguaio comandado por Jorge Larrionda não viu que a bola entrou no chute de Lampard, no jogo Alemanha x Inglaterra, pelas oitavas de final da Copa do Mundo. Protagonista de uma das maiores polêmicas da competição, Larrionda foi mandado de volta para casa, junto com os seus assistentes, pelo presidente da Fifa, Joseph Blatter. O cartola pediu desculpas pelo erro e admitiu estudar o uso de tecnologia para auxiliar os árbitros. AFP

M - Maradona

O técnico argentino roubou a cena na Copa com declarações polêmicas, piadas engraçadas e um estilo único de comandar uma seleção. Pelé e Platini foram dois dos alvos de Maradona, que trocou o agasalho pelo terno, a pedido das filhas, para entrar em campo com a Argentina. O seu gesto de beijar na face cada jogador antes dos jogos foi classificado por um jornal sul-africano como “estilo mafioso”. Ao perder da Alemanha por 4 a 0 disse que se sentia como se tivesse levado “um chute na cara”. AFP

N - Nada para a África

Nunca uma Copa teve tantos países africanos – seis – e nunca se esperou tanto deles quanto na África do Sul. Com duas derrotas e um empate em três jogos, os nigerianos só não foram piores que Camarões, que perdeu suas três partidas na Copa. Apenas Gana passou para as oitavas e caiu nas quartas, diante do Uruguai. Com exceção da Argélia, todos os africanos na Copa vieram com técnicos europeus. “Precisamos ser realistas. Não vamos sair ganhando só porque a Copa é na África”, disse Drogba, da Costa do Marfim.

O - Özil

AFP O meia alemão, de ascendência turca, foi uma das revelações da Copa. Com apenas 21 anos, substituiu o consagrado Ballack no coração do time alemão e foi fundamental na campanha que culminou no terceiro lugar. Líder da equipe que venceu a Eurocopa Sub-21, em 2009, massacrando a Inglaterra por 4 a 0, Özil simboliza a impressionante nova geração que o técnico Joachim Low trouxe para a África do Sul e que já coloca a Alemanha como uma das favoritas em 2014.

P - Polvo

AFP Veio da Alemanha a maior bizarrice da Copa: um polvo, chamado Paul, que demonstrou impressionante capacidade de prever os resultados dos jogos. Paul acertou todas as suas previsões a respeito da Alemanha, inclusive a derrota para a Espanha na semifinal. Objeto de culto, o polvo vidente previu também que os espanhóis bateriam os holandeses da final.

Q - Qu'est-ce que c'est?

O que foi que aconteceu com a França na Copa? Seguramente, foi o maior papelão da história dos Bleus. Depois de ter chegado á África do Sul graças a um gol ilegal, os franceses protagonizaram um vexame atrás do outro. Anelka xingou o técnico e foi mandado para casa mais cedo. Em solidariedade, os jogadores se recusaram a treinar e, por causa disso, membros da comissão técnica renunciaram. Em campo, um empate e duas derrotas. “Au revoir, lês bleus”, cantaram os espanhóis.

R - Riquelme, Larissa

AFP O que faltou à seleção do Paraguai, a modelo Larissa Riquelme mostrou de sobra: vontade de conquistar o mundo. Praticamente desconhecida antes da Copa, ela apareceu com um celular no meio dos seios na primeira partida do Paraguai no Mundial e nunca mais deixou de ser vista e fotografada com pouca ou nenhuma roupa. A sua promessa de correr nua pelas ruas de Assunção caso o time ganhasse a Copa foi mantida, apesar da queda do Paraguai nas quartas de final.

S - Simon

Um dos mais polêmicos árbitros brasileiros, responsável por decisões muito questionadas no Brasil, Carlos Eugenio Simon participou de sua terceira Copa do Mundo. Apitou duas partidas, sem comprometer, mas seu desempenho não foi suficiente para mantê-lo entre os árbitros selecionados para a reta final. Sem modéstia, Simon disse na África do Sul que “dignifica a arbitragem brasileira” e anunciou sua aposentadoria.

T - Teatro

À medida em que os norte-americanos mais se interessam pelo futebol, mais eles descobrem alguns de seus segredos. Nesta Copa, eles tiveram duas revelações. Primeiro, que os árbitros cometem erros decisivos, como ocorreu num gol mal anulado de Edu na partida contra a Eslovênia. E segundo, que os jogadores fingem faltas ou simulam sofrimento muito maior do que o real para tentar influenciar os árbitros. O jeitão de jogadores como Robben foi tema de várias reportagens na imprensa americana.

U - Uruguai

Com Forlan em grande forma, a seleção uruguaia salvou a imagem do futebol sul-americano na África do Sul. Única equipe do continente classificada entre as quatro primeiras, o Uruguai mostrou talento, valentia, raça e coragem contra adversários superiores, como Holanda e Alemanha, e superou Gana, que tinha o apoio de toda a torcida sul-africana, num dos jogos mais épicos do Mundial. getty Images

V – Vuvuzela

De triste lembrança, a cornetinha made in China se tornou a marca dos sul-africanos nos estádios. É tão irritante que houve até uma tentativa de proibi-la na Copa, mas a Fifa não cedeu á pressão (além de vender o instrumento sonoro em suas lojas oficiais). Curiosamente, na importante Copa das Três Nações, de rúgbi, que se realizará na África do Sul em agosto, o instrumento foi proibido. getty Images

W – Waka Waka

Para quem não gosta, foi um tormento. Para os fãs, uma grande alegria. “Waka Waka”, a canção oficial da Copa de 2010, cantada pela colombiana Shakira, tocou em todos os estádios, bares, restaurantes, lojas e banheiros da África do Sul. A música não sai do hit parede. Só um vídeo no You Tube já teve mais de 86 milhões de acessos. No encerramento da Copa, adivinhe o que Shakira cantou no Soccer City? getty Images

X – Xavi

O meia espanhol simboliza bem as qualidades da Fúria, que fez história em 2010. Talentoso, aplicado, é personagem fundamental num quesito que a Espanha domina como poucas: o toque de bola. Ao lado de Iniesta, Vila, Pique, Pedro, Busquet e Pujol, integra o pelotão do Barcelona na seleção.

Y – You Tube

Reprodução Criação do publicitário Pablo Peixoto, os vídeos protagonizados pelo personagem “Michael Dunga” correram o mundo pela internet e expressaram com rara felicidade o estilo do técnico da seleção brasileira. Peixoto utilizou cenas do filme “Um Dia de Fúria”, com Michael Douglas, e alterou os diálogos, transformando Dunga no protagonista de uma série de aventuras, tendo como coadjuvantes os seus inimigos, em especial a Rede Globo.

Z – Zica

Por tudo que já fez pela música pop, Mick Jagger não merecia esse destino, mas o fato é que se tornou sinônimo de pé-frio futebolístico. Presente na África do Sul, o músico foi a vários jogos e, em todos, torceu para as seleções que perderam. Entre suas vítimas, Inglaterra e Brasil. Rapidamente, seu azar ganhou a internet e inspirou centenas de piadas engraçadas. AP

 

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