Roberto Schmidt/AFP

Puyol e companhia podem coroar Espanha, que já vence em basquete, F-1 e até vela

09/07/2010 - 07h00

Quase 20 anos depois, Olimpíada-1992 ainda explica sucesso esportivo da Espanha

Alexandre Sinato e Gustavo Franceschini
Em Johanesburgo (AFS) e São Paulo

A Espanha é a atual campeã mundial e europeia de basquete, tem Rafael Nadal na liderança do ranking mundial de tênis e ainda se destaca no ciclismo e nos esportes a motor. No próximo domingo, a seleção masculina, que já detém o título continental, pode coroar o grande momento do país com a Copa do Mundo. A excelência esportiva, mesmo que tardia, é reflexo dos Jogos Olímpicos de 1992, realizados em Barcelona.

ÍDOLOS ESPANHÓIS FORA DOS GRAMADOS

Fernando Alonso Bicampeão de Fórmula 1, é parceiro do brasileiro Felipe Massa na Ferrari
Rafael Nadal Recentemente campeão de Roland Garros e Wimbledon, lidera o ranking
Alberto Contador Atual campeão da Volta da França
Jorge Lorenzo Líder do Mundial de MotoGP no ano

Fernando Alonso (Fórmula 1), Dani Pedrosa (motovelocidade) e Alberto Contador (ciclismo) são alguns dos nomes que completam a lista de ídolos espanhóis. Além deles, a Espanha ainda tem campeões olímpicos na canoagem e na vela. O momento é, reconhecidamente, o melhor da história do esporte do país.

“Houve um desenvolvimento econômico muito forte da Espanha nos últimos anos. Foi um fenômeno a partir da segunda metade dos anos 1980. Investiu-se em infraestrutura. Foram construídas várias instalações esportivas. O Estado também se empenhou muito nisso para receber os Jogos Olímpicos de Barcelona”, disse o jornalista Diego Torres, do jornal El Pais.

A Espanha é, segundo a Universidade Autônoma de Barcelona, a nação europeia com maior aparelhagem esportiva, ao lado da Alemanha. Na preparação para os Jogos Olímpicos, o poder público não apenas construiu sedes para os eventos oficiais, mas espalhou pelo país um conceito de educação aliada à prática de atividade física.

BRASIL PODE SEGUIR O MESMO CAMINHO

  • AFP PHOTO / GIANLUIGI GUERCIA

    Se a Espanha deu exemplo na organização para os Jogos de 1992, o Brasil pode seguir o mesmo nos próximos seis anos. Sede da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016, o país pode implantar política parecida e aumentar sua excelência esportiva. Para isso, porém, terá de se adaptar à nova realidade.

    "Eu acho que a gente está distante deste modelo. A educação física escolar, por exemplo, ainda não é obrigatória nas primeiras séries. É só no quinto ano. Quem não tem acesso entra na vida esportiva com quase dez anos. Tem de ter obrigatoriedade", disse Katia Rubio, psicóloga e professora da USP.

“O que ela está vivendo hoje é uma política que começou lá atrás. O trabalho não se faz em curto prazo. É preciso tempo para que o resultado surja, às vezes 15, 20 anos depois. A ideia da formação é educar pelo esporte. À medida que ele pratica, leva isso para o resto da vida. Os mais talentosos terão de condição de se desenvolver”, disse Katia Rubio, psicológa e professora da Escola de Esportes da Universidade de São Paulo (USP), que fez pós-doutorado em Barcelona.

Se não virou uma potência olímpica comparável aos Estados Unidos, por exemplo, a Espanha cresceu. Desde 1992, sempre conquista ao menos três medalhas de ouro e mais de dez no geral em Jogos Olímpicos. Em 1984 e 1988, respectivamente, alcançou quatro e cinco pódios apenas.

No futebol, a Espanha conseguiu, além da Eurocopa de 2008, conquistas nas categorias de base. A Fúria foi campeã sub-20 em 1999 e vice em 2003. No sub-17, esteve quatro vezes entre os semifinalistas desde 1992, tendo sido segunda colocada em duas oportunidades.

“Posso falar sobre estar na final. É um país que mudou muito. Estamos com muitas coisas boas nesse país. O futebol é o mais popular, mas estava há tantos anos esperando esse sucesso. Está na hora do futebol estar no primeiro plano”, disse Vicente Del Bosque.

A atual seleção espanhola de futebol é um exemplo de que o desenvolvimento não se ateve à cidade de Barcelona. Os 23 jogadores se dividem entre Catalunha (7), Madri (3), Andaluzia (3), Navarra (2), Castela (2), Ilhas Canárias (2), Astúrias (1), Albacete (1), País Basco (1) e Valência (1).

“Você tem, do ponto de vista do esporte olímpico, uma estruturação de fato consistente. Não se falou só de Barcelona, mas de política nacional. Se por um lado você teve a sede olímpica de 1992, agora tem Madri como principal candidato para 2022”, disse Katia Rubio.

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