05/07/2010 - 07h28

Reclusão da era Dunga ainda deixa proibições na África após eliminação

Alexandre Sinato e Bruno Freitas
Em Port Elizabeth (África do Sul)

A seleção brasileira foi embora da África do Sul no último sábado, mas deixou resquícios de seu comportamento no país da Copa do Mundo. Funcionários que tiveram contato mais próximo com os jogadores são proibidos de falar sobre o assunto. Em dois dos três hotéis usados pela delegação, conversar sobre a seleção significa risco de advertência ou punição mais grave. Apenas hóspedes contaram um pouco do “day after” do time de Dunga.

Em Port Elizabeth, palco da eliminação brasileira diante da Holanda, nas quartas de final, os funcionários não escondem o medo em dar alguma declaração ou fazer o mais simples comentário. No domingo, um dia depois de a seleção partir rumo ao Brasil, o silêncio foi total.

“O gerente não está aqui e nós não falamos sobre isso”, respondeu uma recepcionista. Quando questionada o motivo de tal postura, ela informou: “não podemos falar disso, estamos proibidos.”

Os funcionários do pequeno bar do hotel também se mostraram assustados. Questionado se o Brasil esteve hospedado lá, um atendente respondeu: “sim”. E você viu os jogadores? “Não posso falar”, emendou ele, baixando o tom de voz e indo para outro canto do balcão.

Em Johanesburgo, onde a seleção passou grande parte do tempo concentrada e isolada, a restrição foi ainda maior. Ter contato com os funcionários foi praticamente impossível. Aqueles que mais se aproximaram dos jogadores também não abriram a boca. “Estamos proibidos de falar. Eu, ela e todo mundo”, afirmou um segurança apontando para a colega que tomava conta da entrada do lugar.

Mas se em Johanesburgo a seleção se despediu feliz e animada depois de bater o Chile por 3 a 0 nas oitavas de final, em Port Elizabeth o clima foi pesado depois do duelo com os holandeses, que venceram por 2 a 1.

A brasileira Dina Applegreen Oliveira estava no mesmo hotel da seleção na manhã de sábado. Viu de perto as reações de alguns jogadores horas depois da eliminação diante da Holanda. “O clima era de muita tristeza. O Julio Cesar estava com cara de enterro, parecia que tinha ido num velório. Seus olhos estavam inchados e vermelhos”, contou Dina.

Embora tivessem o dia livre até embarcar no final da tarde, os jogadores preferiram não deixar o hotel. A maioria sequer tomou café da manhã. Juan e Luisão foram os que ficaram mais tempo no lobby do hotel durante o sábado. “Eles estavam bem abatidos e ficaram no barzinho do hotel, mas sem beber nada com álcool”, disse a torcedora.

Kaká esteve entre aqueles que não saíram do quarto. E foi um dos poucos com quem Dina não conseguiu ter um contato mais próximo. Nada de fotos ou autógrafo. “Quando ele finalmente apareceu no lobby algumas pessoas já estavam em volta dele e ficou difícil.”

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