Flávio Florido / UOL

Nem o "carnaval de Weggis" nem o regime de Dunga deram certo na seleção

05/07/2010 - 14h28

Extremista, seleção colhe o mesmo fracasso ao trocar bagunça por isolamento

Alexandre Sinato e Bruno Freitas
Em Durban (África do Sul)

Os extremos, definitivamente, não funcionam. Não na seleção brasileira. Em quatro anos, a equipe foi de uma ponta à outra em sua conduta. Trocou a farra pela reclusão quase militar. E colheu o mesmo fracasso, a mesma decepção. Os exageros festivos de 2006 deram lugar aos exageros militares de 2010. Ambos cobraram o preço nas quartas de final da Copa do Mundo. Agora, o meio termo de 2002 surge como parâmetro a ser seguido. Prova de que o 8 e o 80 não são a solução.

Carlos Alberto Parreira foi crucificado na Alemanha por ser tão permissivo fora de campo. Os próprios jogadores criticaram tamanha abertura. Dunga foi na direção oposta, peitou patrocinadores, pressão da televisão e se tornou um símbolo da nova conduta. Tudo perfeito se o caminho tomado para tal mudança não fosse tão ou mais drástico. Talvez nem o time tenha percebido, mas os 43 dias respirando, comendo e sonhando com futebol custaram caro.

Em vez do carnaval na suíça Weggis, o início da preparação de 2010 foi dentro do sempre fechado CT do Atlético-PR. Na África do Sul, os jogadores ficaram confinados. Concentraram-se muito e elevaram o foco, mas a pressão cresceu na mesma proporção. A pressão que sempre existe sobre a seleção em Copas do Mundo foi alimentada pela própria reclusão.

O regime de concentração tem como objetivo evitar os exageros dos jogadores na alimentação, em saídas noturnas e no desgaste físico. Em 2006, houve todo o tipo de abuso. Inclusive da CBF, ansiosa por lucrar com cada passo da geração do “quadrado mágico”. Desta vez, nas duas folgas que tiveram em 43 dias, os jogadores comeram bem, preservaram-se e repousaram.

A rotina seria 100% positiva se não fosse estranha aos atletas. O longo período exageradamente fechado não acontece em clube nenhum. Não por tanto tempo. Os encontros com familiares foram desestimulados. Os que aconteceram foram rápidos. O contato com a torcida foi mínimo, assim como a relação com a imprensa. Badalação e mídia foram eleitos os inimigos, mas o novo exagero foi tão ou mais decisivo. No fim das contas, os dois extremos deram o mesmo resultado prático: nenhum.

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