Jewel Samad/AFP

Inconformado por queda do Brasil nas quartas, Kaká deixa o estádio Nelson Mandela

03/07/2010 - 05h00

Kaká "pela metade" faz seleção rever Copa fraca de um camisa 10

Alexandre Sinato, Bruno Freitas e Mauricio Stycer
Em Port Elizabeth (África do Sul)

Eliminado da Copa antes das semifinais, o Brasil ficou mais uma vez esperando em vão que o caminho até o título partisse dos pés de seu camisa 10, uma espécie de instituição sagrada na seleção desde Pelé. Kaká jogou o Mundial "pela metade", brigando contra dificuldades físicas, e não conseguiu ser o líder protagonista que o torcedor contava.

CAMISA 10 SEM BRILHO PÓS-PELÉ

Ronaldinho 2006
Esteve em campo como titular nos cinco jogos do Brasil, não marcou nenhum gol e teve atuação decepcionante na derrota para a França nas quartas
Raí 1994
Jogou as três primeiras partidas como titular, fez gol de pênalti na estreia, mas foi para a reserva no começo da fase eliminatória
Silas 1990
Reserva, entrou no finalzinho em dois dos quatro jogos do Brasil naquela Copa do Mundo
Zico 1986
Saiu do banco em três partidas. No jogo da eliminação contra a França, perdeu um pênalti no tempo normal, mas converteu o seu na decisão pós-prorrogação
Rivelino 1978
Foi titular na estreia contra a Suécia, mas depois só voltou a campo duas vezes, ambas saindo do banco. Jogou o fim da disputa de 3º lugar com a Itália

Assim como Ronaldinho em 2006, quando o então bicampeão do prêmio de Melhor do Mundo da Fifa esteve bem abaixo das expectativas, Kaká não conseguiu ser importante, brilhar nas adversidades do time, livrar a seleção de uma queda precoce.

Kaká foi o primeiro jogador a se apresentar à comissão técnica para a Copa, em 20 de maio, um dia antes que os demais jogadores. A partir dali, passou por um processo meticuloso que projetava a recuperação total de uma temporada de dificuldades físicas na Europa. A meta era fazer o meia "voar" a partir das oitavas.

No entanto, os sacríficos foram enormes, as dores prosseguiram e ao auge na fase eliminatória não veio. E, pior, a incerteza sobre as condições físicas atingiram em cheio a confiança de Kaká.

"A eliminação machuca mais que a recuperação. Mesmo fazendo parte deste grupo, em vários momentos eu achei que não ia dar para jogar. Mas vários companheiros passavam no meu quarto, eu recebia mensagens pelo telefone de amigos, todos me apoiando, dizendo que eu ia jogar, e todo esse apoio foi importante. Então, agora com a eliminação, dói mais", declarou o meia após a derrota para a Holanda por 2 a 1 na sexta, pelas quartas de final.

Na África do Sul, Kaká teve uma estreia discreta, não ficou em campo os 90 minutos contra a Coreia do Norte e participou pouco da vitória. O meia cresceu contra a Costa do Marfim, com duas assistências para gols. No entanto, acabou expulso e teve a série de ascensão freada, impossibilitado de pegar Portugal.

A estrela voltaria contra o Chile nas oitavas, quando deu passe para gol de Luís Fabiano e insinuou novamente que poderia decolar na Copa. Mas, finalmente contra a Holanda, quando mais se esperava de Kaká em termos individuais, quem brilhou foram os holandeses Robben e Sneijder.

Além de todo este quadro de limitações físicas, Kaká também não conseguiu estar em campo em todas as partidas em razão da expulsão contra a Costa do Marfim, em punição que tirou o meia do jogo seguinte diante de Portugal. Desta forma, o camisa 10 acabou o Mundial como o líder de cartões do time, ao lado de Felipe Melo, jogador mais afeito às advertências dos árbitros.

Depois de Pelé, a seleção teve êxitos de alguns de seus camisas 10, seja coletivamente ou apenas individualmente. Zico em 1982, por exemplo, encantou em um time que não acabou campeão. Rivaldo foi o mais bem-sucedido deles em duas Copas, em 1998 e 2002, com duas finais.

No entanto, alguns outros fizeram Copas abaixo do nível que a camisa 10 da seleção inspira internacionalmente. Com o número "especial", Rivelino foi um mero coadjuvante no time 3º lugar de 78. Seis anos mais tarde, Zico foi ao Mundial em condições físicas instáveis, mais limitado do que o Kaká de hoje. No México, o ídolo flamenguista entrou em alguns jogos e perdeu um pênalti no duelo da eliminação contra a França, ainda no tempo normal.

Em seguida, Silas foi escolhido o 10 na Itália, mas ficou entre os reservas, jogando poucos minutos em duas partidas. Na campanha do tetra quatro anos depois, Raí perdeu a vaga no time ainda nas oitavas e foi um coadjuvante na conquista do título. Marcou apenas um gol de pênalti na estreia.

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