Ryan Pierse - FIFA/FIFA via Getty Images

Após pisar em Robben, Felipe Melo recebe cartão vermelho e é expulso

02/07/2010 - 12h51

Felipe Melo passa de herói a vilão na eliminação; volante pede desculpas

Alexandre Sinato, Bruno Freitas e Mauricio Stycer
Em Port Elizabeth (África do Sul)

"É O ANO MAIS DIFÍCIL DA MINHA VIDA"

  • AFP/Jewel Samad

    O que essa eliminação significa para você?
    É o momento mais difícil na minha vida. O ano mais difícil da minha vida. É a minha primeira derrota na seleção, justamente em uma eliminação. Na Juventus não ganhamos nada. Quero pedir perdão e desculpas para a torcida brasileira porque falhamos, não deu.

    Você acha que a derrota é sua culpa, pela expulsão?
    Não tenho que receber toda a culpa. É um grupo. Equipe é coletivo. Tenho minha parcela de culpa como cada um aqui tem. Eu peço desculpas não pela minha entrada, mas porque falhamos. Assim como todos os brasileiros, eu queria ser campeão mundial.

    A expulsão foi correta?
    Uma expulsão quando está perdendo o jogo é sempre complicado. O peso é muito difícil. Não agredi, não dei soco. Foi uma jogada que o juiz interpretou que era para vermelho. Eu acho que ele exagerou. Se o Robben não tivesse feito tanta cena, não teria acontecido nada.

    Você tem medo de ficar conhecido como o vilão da eliminação?
    Jamais pensei nisso [em ser apontado como vilão]. Não passa pela minha cabeça. Todo mundo que entende de futebol sabe tudo o que eu fiz pela seleção brasileira. Foi uma falta que o juiz interpretou. Não dei soco, não cuspi. Tive que pisar para tirar a bola e juiz interpretou que era para vermelho. Peço desculpas porque o Brasil perdeu, pelo nosso fracasso, não pela expulsão.

    Você não está chorando. Por que?
    Não tenho mais o que chorar, estou destruído por dentro. Já falei com minha família, é difícil ouvir um filho chorando, uma esposa chorando. Difícil é sair na frente do placar, te dá um animo diferente. Eu estava pensando na semifinal.

Depois de passar um jogo fora, por lesão, Felipe Melo foi a novidade da seleção na partida desta sexta-feira contra a Holanda em Port Elizabeth. No jogo que marcou o adeus brasileiro da Copa, o volante titular de Dunga visitou os extremos, em instantes de herói e vilão em jogadas decisivas do confronto das quartas de final.

No primeiro tempo, logo aos 10min, Felipe Melo fez a assistência para o gol de Robinho em um preciso lançamento vertical pelo meio da defesa holandesa. No lance, o atacante teve o trabalho apenas na finalização na frente do goleiro Stekelenburg. A etapa final reservaria o instante de baixa do volante brasileiro na partida.

Aos 8min, em cruzamento de Sneijder da direita, Felipe Melo se antecipou ao goleiro Julio Cesar e desviou de cabeça em direção às próprias redes. Mas o pior estava por vir. Aos 28min, Felipe Melo pegou Robben por trás. Após a falta, o brasileiro ainda pisou no holandês e recebeu o cartão vermelho do árbitro japonês Yuichi Nishimura, em seu último ato na Copa da África do Sul.

Após a partida, ele admitiu que foi imprudente. "Eu assumo minha parcela de culpa, mas não acho que seja vilão. Todo mundo tem sua parcela de culpa no que aconteceu e assumi o meu erro perante todo esse grupo. O momento em que aconteceu foi bem difícil, estávamos perdendo por 2 a 1", falou o volante da Juventus, que lembrou de lances em que foi bem no Mundial. "Iniciei a jogada do gol contra a Coréia do Norte. Iniciei a jogada do gol contra Costa do Marfim. E iniciei a jogada do gol contra a Holanda".

Ele não concordou com a decisão do juiz japonês. E lembrou de um lance, na própria Copa, em que ele foi a vítima. "A bola foi para cima dele [do holandês Robben], pisei com tudo. Não sei se foi uma jogada para o que aconteceu [a expulsão]. Não sei foi um lance mais perigoso do que a pisada que o Pepe me deu. Mas isso é interpretação do árbitro".

Mesmo assim, ele fez questão de pedir desculpas ao povo brasileiro pelo cartão vermelho. "É difícil falar sobre o futuro agora. Para falar a verdade, não quero nem mais saber de Copa. A gente, mais do que ninguém, está decepcionado. Ninguém queria vencer mais do que esses jogadores. Quem chega à seleção já imagina a festa no Brasil. Eu estou acabado. Dói muito ver esses jogadores chorando. Peço desculpa para o torcedor. E para todo mundo".

Os companheiros de seleção não o culparam. Mas admitiram que o lance praticamente selou a derrota verde-amarela. "Não é a hora de procurarmos culpados. É uma derrota muito doída", afirmou o meia Kaká.

O atacante Luís Fabiano, que deixou o campo antes do fim do jogo para a entrada de Nilmar, disse que o lance foi capital. "Com dez jogadores ficou difícil. Começamos a jogar na base do chutão. E jogar dessa maneira é muito complicado. até porque eles estavam chegando muito duro nas jogadas. No chutão, ficou impossível", reclamou o atacante.

 

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