01/07/2010 - 10h00

Bolão de jogadores pelo Brasil tem festa, artilheiro na lanterna e até patrocínio

Luiza Oliveira*
Em São Paulo

Enquanto os jogadores da seleção brasileira estão na África do Sul, quem não foi chamado por Dunga arruma uma "válvula de escape" na concentração para o retorno do Campeonato Brasileiro. Nesta intertemporada, os atletas dos principais clubes aproveitam a brecha da Copa do Mundo para se divertirem e saírem da rotina do futebol com os tradicionais bolões.

Os jogos do Brasil viraram uma boa oportunidade para reunir os amigos em festa, tirar sarro do colega e ganhar uma "graninha extra". Atletas, funcionários e dirigentes de Palmeiras, Internacional, Santos, Náutico, Corinthians e Fluminense (entre outros) se renderam às apostas.

CLUBES FAZEM BOLÃO PELO BRASIL

  • Reprodução UOL

    Página de apostas do bolão do Palmeiras para a partida entre Brasil e Holanda já está pronta

  • Lucas Uebel/Vipcomm

    Artilheiro nos gramados, Alecsandro não tem a mesma competência no bolão e está em último

  • Caio Guatelli/Folha Imagem

    Amigos dentro e fora de campo, santistas assistem juntos aos jogos do Brasil e participam de bolão

No alviverde paulista, o bolão tem organização profissional, regulamento e até patrocínio. Para incrementar a premiação, o departamento de marketing ofereceu um vale-compras da fornecedora de material esportivo Adidas no valor de R$ 500,00 para serem gastos com produtos.

A brincadeira teve adesão até do presidente Luiz Gonzaga Beluzzo. Mas o mandatário ainda não adivinhou um palpite vencedor do bolão de regulamento inusitado em que não basta acertar o placar do jogo, mas também do primeiro e do segundo tempo em separado.

Com mais de 100 pessoas inscritas, apenas o jogo entre Brasil e Portugal teve um montante de R$ 1010,00, sem contar com o prêmio extra da Adidas. “É bem democrático, reúne jogador, pessoal de campo, cozinha, lavanderia. Todos acompanham e esse sistema dos placares fragmentados torna a competição dinâmica. No primeiro tempo já caem uns 30”, disse o organizador e idealizador Sergio do Prado, que é gerente administrativo de futebol do clube.

Entre os jogadores, nada das estrelas Marcos, Cleiton Xavier ou Kleber no topo da lista. O líder é o zagueiro Leandro Amaro que, junto com o massagista Lica, acertou em cheio os quatro tempos das duas partidas do Brasil contra Portugal e Chile. Paulo Henrique, Danilo, Vitor e Souza aparecem em segundo entre os boleiros após cravarem uma única vez.

A brincadeira também é febre no Nordeste. A casa do atacante Carlinhos Bala virou ponto de encontro dos jogadores do Náutico, que fizeram uma festa para assistirem ao empate sem gols da seleção brasileira contra os lusitanos.

Como na maioria das partidas do Mundial eles estão concentrados, os alvirrubros tiveram momentos raros de descontração e puderam vibrar, tentar um dinheiro extra (conquistado pelo volante Ramirez) e, claro, cornetar Dunga. Mas eles garantem que as críticas são moderadas.

“Eu gosto de vibrar onde estiver, sou torcedor mesmo. Mas me contenho nas críticas. O brasileiro é muito apaixonado, age como se fosse treinador. Mas nós vivemos o futebol e sabemos como funciona em campo. Se errar um passe, um chute ou uma finalização, aceito porque é normal”, disse o goleiro Gledson.

O anfitrião Carlinhos Bala, que na quinta-feira pediu rescisão de contrato no clube, só lamentou a ausência de alguns companheiros. “Tem muito jogador que é evangélico e não entra porque a religião não permite que eles apostem dinheiro. Mas é só para descontrair.”

Diferentemente do restante do país, no Internacional o bolão é segredo de estado. O assessor de imprensa e coordenador Rodrigo Weber não foi muito receptivo quando questionado sobre o assunto. "Essa é uma brincadeira nossa."

Mas os jogadores levaram tão a sério que chegaram a postar no Twitter. O goleiro Lauro já “segurou a lanterna”, hoje nas mãos do atacante Alecsandro. Nei e Fabiano Eller também estão participando, mas mais uma vez os atletas se saíram maus apostadores. O dirigente Sílvio Silveira é o líder dos Colorados.

Outros clubes do país também aderiram às brincadeira na Copa como Fluminense e Corinthians. No Santos, os meninos da Vila se reuniram para assistirem aos jogos após os treinos (contra o Portugal e Chile) e torcerem para seus palpites.

Lá a disputa acontece não só quando o Brasil entra em campo, mas em todos os jogos do Mundial. As apostas foram fechadas antes mesmo do início da competição. Quem acertar os classificados da primeira fase e o campeão ganha pontos extra.

*Com a colaboração do escritório de Porto Alegre e de Rodrigo Faria

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