Stuart Franklin/Staff/Getty Images

Volante Felipe Melo virou o novo 'xerifão' do time brasileiro com jeito truculento

28/06/2010 - 07h00

Essencial para Dunga, volante Felipe Melo ganha status cult por jeito bruto

Alexandre Sinato, Bruno Freitas e Mauricio Stycer
Em Johanesburgo (África do Sul)

Na posição de segundo volante, Felipe Melo expressa muito bem a seleção brasileira de Dunga nesta Copa. Homem de marcação, pouco habilidoso, mas vigoroso, tem ótimos números no quesito passes, dedica-se ao time com entusiasmo e exibe uma notável vocação para arrumar confusão em campo. Cometeu apenas três faltas e levou um cartão amarelo em três partidas, mas o seu jeitão de xerife já o transformou num personagem 'cult' entre os torcedores.

NÚMEROS DE FELIPE NA COPA DA ÁFRICA DO SUL

Jogos - 3
Minutos jogados - 218
Faltas cometidas - 3
Faltas sofridas - 4
Cartões amarelos - 1
Chutes - 3
Passes - 222
Passes completados - 201
Aproveitamento de passes - 91%
Passes Curtos - 34
Passes Médios - 150
Lançamentos - 38

Na internet circula uma relação de "Felipe Melo Facts", supostos fatos que comprovariam o seu estilo truculento em campo. São piadas como “Por causa do Felipe Melo, os melhores momentos da Copa vão ser editados pelo Tarantino”, ou "A lenda da mula sem cabeça começou depois de um pé alto de Felipe Melo", ou ainda "Felipe Melo é o único jogador que você encontra no Fifa 2010, no Winning Eleven e no Mortal Kombat."

Rude no trato com os adversários em campo e, às vezes, arredio com os jornalistas nas entrevistas, o jogador parece não se importar com a fama de mau. Nem no site da Fifa, que o apresenta da forma mais favorável possível, Felipe não evita o tom bélico. Ao falar da realização do sonho de jogar pela seleção e disputar uma Copa, diz: "Cheguei à seleção com 25 anos. Teve gente que chegou com 18 ou 20, mas tem gente que chegou jovem assim e não disputou nada importante."

Depois do amistoso contra a Irlanda, em março, em resposta a um comentário sobre a confiança que a comissão técnica depositava no seu futebol, disse: "Eu tinha que dar uma resposta ao Dunga e ao Jorginho pela aposta em mim. Porque muita gente falou que eles tinham feito uma merda quando me chamaram".

Ao ser anunciada a sua convocação para a Copa, em maio, bateu boca pelo telefone com o jornalista Paulo Vinicius Coelho, na ESPN Brasil, que questionou o seu desempenho na última temporada, atuando pela Juventus. "Você é jornalista?", perguntou Felipe, depois de argumentar que, embora o time tivesse ido mal, os números mostravam que havia ido bem. "E você é jogador?", retrucou o comentarista.

Na África do Sul, Felipe Melo classificou como "sacanagem" a notícia, publicada num jornal brasileiro e depois replicada na Itália, de que Kaká teria se irritado com ele num lance de treinamento. O jornalista italiano que foi criticado publicamente tentou conversar com o jogador depois de uma coletiva, mas Felipe se recusou a ouvi-lo.

Convocado pela primeira vez em fevereiro de 2009, para o amistoso contra a Itália, Felipe Melo tornou-se em pouco tempo uma figura indispensável na seleção de Dunga. A sua escalação para a partida contra o Chile, colocada em dúvida por causa de um pancada no tornozelo no jogo contra Portugal, tornou-se um dos assuntos mais importantes e comentados no ambiente da seleção nas últimas 72 horas.

O fracasso da Juventus na temporada passada afetou muito a imagem do jogador. Adquirido junto à Fiorentina por pouco mais de 20 milhões de euros, Felipe teve na Velha Senhora a primeira experiência em um time de expressão na Europa (antes, atuou no Mallorca, Racing Santander e Almería, da Espanha).

"Quando uma equipe está com problemas, é difícil para todos os jogadores. A Juventus fez tudo errado nesta temporada", diz Andrea Elefante, da Gazzetta dello Sport, principal jornal esportivo italiano, que acompanha a seleção brasileira na Copa. "Em relação ao Felipe Melo, o verdadeiro erro é que ele custou muito caro."

Segundo, o jornalista, a equipe italiana cometeu um erro grave: "A Juventus procurou por dois meses um jogador que conduzisse a bola no meio. Quem assistiu à Copa das Confederações, sabe que Felipe não é Pirlo", observa. E acrescenta: "Tem também o problema do seu temperamento. Ele não é um jogador que concilia, que evita discutir com outros jogadores, que não reage aos protestos dos torcedores."

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