Para ex-atacante camaronês, a desorganização reina nas federações das equipes da África
Ele é dono de um sorriso famoso, inventou a comemoração de gol com dancinha e ajudou o futebol africano a ser respeitado no mundo depois de levar uma seleção do continente, pela primeira vez, às quartas de final de uma Copa do Mundo. Por tudo isso, e mais um pouco, a imagem de Roger Milla, o astro de Camarões em 1990, é a de uma pessoa alegre, brincalhona, feliz.
Mas foi um Milla grave, sisudo até, que apresentou-se diante de um grupo de jornalistas neste sábado em Johanesburgo para falar de dois assuntos sérios: a fundação de apoio a crianças carentes que criou e o fracasso das seleções africanas na Copa de 2010.
Começando pelo fim, Milla disse que havia a expectativa de que três seleções do continente chegassem às oitavas. “Neste sentido, foi um fracasso”, resumiu, já que apenas Gana conseguiu se classificar. O que houve? “Não é complicado explicar. As melhores seleções africanas estão aqui. Falta organização, falta disciplina e preparação adequada”.
Na visão do ex-jogador, a eliminação precoce das equipes africanas não dá uma boa medida do talento dos seus jogadores. “Podemos rivalizar com qualquer sul-americano ou europeu. O problema é a desordem que reina nas federações nacionais”, apontou.
Outro problema, disse Milla, é a mania de achar que qualquer técnico europeu é melhor que um equivalente africano. “Há anos usamos técnicos estrangeiros. Isso virou uma verdade absoluta. É preciso dar oportunidade para os técnicos africanos. Temos em Camarões um técnico que foi campeão olímpico (Jean-Paulo Akono, em Sydney, 2000) e até hoje não teve uma grande oportunidade”.
Por outro lado, Milla revelou todo o seu orgulho como “africano” pela primeira Copa no continente. “Falaram que a gente não seria capaz de fazer uma Copa, que a gente não tinha estádios, não sabia organizar... E acabamos dando uma grande lição ao mundo. Esta é a Copa mais bem organizada da história”, disse.
O ex-jogador não quis fazer prognósticos sobre o desenrolar do Mundial. Disse apenas não ter se surpreendido com as eliminações de Itália e França. “A Itália, todo mundo sabe, já anda com problemas há dois anos. E a França, último país a se classificar, foi o primeiro a sair”. Sobre o Brasil resumiu-se a dizer: "É um grande time".
O objetivo principal da aparição de Milla em Johanesburgo foi o lançamento de um game para iPhone, ao custo de US$ 3 (cerca de R$ 6), com o objetivo de arrecadar recursos para a sua fundação, “Coeur d´Afrique Solidarité”.
Criada em 2005, a fundação ajuda crianças carentes, ex-jogadores em dificuldades e apoia projetos educacionais em Camarões. “Ela está mais preocupada com projetos sociais do que com ajuda humanitária”, explicou. Milla chateou-se quando, depois de apresentar brevemente o trabalho da fundação, nenhum jornalista interessou-se em fazer perguntas sobre o assunto. Todos só queriam saber da Copa.
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