25/06/2010 - 07h00

Depois das figurinhas, Bolões da Copa tomam conta das empresas

Flavia Perin
Em São Paulo

Pouco importa o perfil da empresa, se é de grande, médio ou pequeno porte e qual sua área de atuação. Se antes da Copa do Mundo a mania eram as figurinhas, agora, durante os jogos, os bolões ganharam adeptos e são bem-vindos pelos empresários – a ponto de alguns deles terem tomado a iniciativa e proposto a ideia a seus colaboradores.

FUTEBOL NO ESCRITÓRIO

  • Divulgação

    Equipe da operadora de turismo Flot, em São Paulo

  • Divulgação

    Wadhi Tabosa, gerente de produção da AkzoNobel

Este é o caso da operadora de turismo Flot, em que o bolão dos funcionários foi organizado pela diretoria, que comprou uma TV de 40 polegadas para, além de servir para que todos possam ver os jogos do Brasil no escritório, dar como prêmio ao vencedor das apostas, que são gratuitas. O objetivo inicial, segundo o proprietário José Eduardo Barbosa, era “deixar a turma animada”.

E que não pensem que a febre do bolão é exclusividade dos ambientes predominantemente masculinos. Na Flot, as mulheres são maioria – há somente 15 homens entre os 60 funcionários.

Por se tratar de um bolão mais feminino, a cédula de palpites pôde ser preenchida no prazo de uma semana, com a ajuda de maridos, filhos, namorados, irmãos, amigos. “A mulherada daqui não conhece muito de futebol”, ressalta Davis Camargo, operador internacional, há 17 anos na empresa.

Camargo admite que assistir à Copa com as colegas é diferente. “Olha a perna daquele! E esse, como é bonito!” são alguns dos comentários ouvidos, conta.

Em companhias maiores, o bolão serve como um meio de promover um intercâmbio entre os colaboradores, inclusive pertencentes a unidades diferentes. Nas três fábricas de tintas decorativas do grupo holandês AkzoNobel (no Brasil, dono de marcas como Coral e Sparlack), a brincadeira envolve mil participantes.

Desta vez, a ideia de reunir as apostas em torno do Mundial surgiu de funcionários da área de Tecnologia da Informação. Marcos Bailo, analista de suporte da Akzo, criou e montou em dois dias um software para o bolão, abrigado na Intranet da empresa.

Orgulhoso pelo projeto, Bailo afirma que as pessoas têm se conhecido dentro da empresa graças ao desafio proposto. “Nas duas unidades em que trabalho (Mauá e Raposo Tavares), vêm me cobrar se o site do bolão está atualizado, fica aquela disputa.”

Ele relata que as piadas se tornam mais frequentes se as mulheres tomam a liderança no ranking. “Ah, todos tiram o maior sarro. ‘Como mulher não entende de futebol e está na frente?!’”

Um dos líderes do bolão, Wadhi Tabosa, engenheiro e gerente de produção e materiais da AkzoNobel, justifica a boa colocação: “Eu me preparei para os bolões, estudei a matéria”, diz ele, que participa de outros dois. “Não entrei em mais bolões porque a minha mulher me disse para parar”, confessa.

“Flamenguista de coração”, o engenheiro explica que juntou diversas informações antes de palpitar, como os resultados das Eliminatórias. “Considerei ainda se o técnico é latino, retranqueiro ou se joga no ataque, a provável escalação, a história dos times...”

Os prêmios foram concedidos pela empresa: os três primeiros lugares recebem, respectivamente, vale-compras de R$ 1.000, R$ 500 e R$ 250; para o 4º ao 10º colocados, uma bola Jabulani. O último colocado também será reconhecido e presenteado com dois times de botão. “Vai ser uma gozação só com quem levar o jogo de botão...”, prevê Tabosa.

OS JOGOS LANCE A LANCE

  • Divulgação

    Sala de operações da corretora de valores H. Commcor

Adrenalina por profissão

Acostumados com o constante vaivém do mercado financeiro, corretores de valores também não perderam a oportunidade e fazem suas apostas nesta Copa. O jogo, neste caso, pode ser comparado à profissão. “A adrenalina é a mesma, você vê o país como se fosse uma ação”, afirma Rodrigo Nassar, gerente da mesa de Financeiros da H. Commcor.

Para ele, apostar nas seleções do Mundial é “no mínimo mais gostoso” do que para profissionais de outras áreas. “Já estamos habituados com essa dinâmica”, compara.

De acordo com Nassar, esta é primeira Copa em que a Bolsa não interrompe suas atividades durante os embates da seleção brasileira. “Antes eles liberavam intervalos e paravam a operacionalização quando o Brasil jogava”, conta.

Para assistir à seleção na corretora, o traje social foi dispensado e camisas nas cores nacionais são permitidas.

Todos na H. Commcor têm acompanhado a Copa da África disputa a disputa (e não só as partidas do Brasil), lance a lance, graças a duas novas tevês de 42 polegadas. Na sala de operações, ocupada por 40 pessoas, os três aparelhos, sempre ligados no canal Bloomberg, agora se alternam na transmissão ao vivo das partidas. Até o pessoal do backoffice, onde foram instaladas as tevês antigas, está permanentemente ligado no que ocorre nos gramados sul-africanos.

Os placares são comentados e comemorados, mas a animação, segundo Nassar, não atrapalha o desempenho. “Quase não vi o jogo do Brasil contra a Coreia do Norte, por exemplo, pois estava com um cliente na linha. Cada um sabe das suas obrigações”, observa. O bom senso inclui saber a hora de soprar as duas vuvuzelas de plantão.

Apesar de ter sido aberto a clientes, o bolão da corretora é composto principalmente por funcionários (são cerca de 80% dos 50 participantes). Todos apostaram R$ 80, e quem pontuar mais na 1ª fase recebe 10% do montante. Ao campeão, será dado 60%; ao vice, 20%; ao 3º colocado, 10%. O Brasil está na frente “disparado”, diz Nassar, seguido de Espanha em 2ª e Argentina em 3ª.

Em meio aos bolões mais formais que colegas de trabalho empreendem, há ainda quem aproveite para esticar as apostas para temas mais polêmicos. No departamento de Marketing da Unilever, por exemplo, a coordenadora de marcas Helen Costa Ginanti apostou com um colega, valendo uma caixa de cerveja, que até o final da Copa o jogador Kaká não fará nenhum gol. “Sou péssima de palpite, mas tenho feito o papel de ‘do contra’”, diz. Ela garante que, ao menos entre as 15 pessoas de sua equipe, até o fim do Mundial este tipo de brincadeira tende a crescer. “Como toda brincadeira...”
 

Compartilhe:

    Siga UOL Copa do Mundo

    Placar UOL no iPhone

    Hospedagem: UOL Host