Flavio Florido/UOL

Administrador do estádio Princess Magogo revela mágoa por causa de treino fechado

23/06/2010 - 12h08

Bairro pobre de Durban já lamenta clausura da seleção em treino desta 5ª

Alexandre Sinato e Mauricio Stycer
Em Durban (África do Sul)

A seleção brasileira já anima e decepciona o humilde bairro de KwaMashu, em Durban. O motivo da alegria: será nessa região que o time de Dunga fará o último treino antes de encarar Portugal. O da tristeza: a população local não poderá acompanhar a atividade no estádio Princess Magogo. O treino desta quinta-feira só poderá ser acompanhado pela imprensa.

MAIS SOBRE A SELEÇÃO BRASILEIRA

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    MINADO O Moses Mabhida tem só seis meses de atividade, é um dos principais estádios da Copa e já sofre com buracos. Pior para o time de Dunga, que pela segunda vez não poderá fazer um treino de reconhecimento no local do jogo com os lusos

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    SEM MEDO Ter do lado contrário um jogador eleito recentemente o melhor do mundo não mudará a forma de jogar. É isso que assegura Lúcio ao refutar uma marcação especial ao craque Cristiano Ronaldo, no duelo que definirá o líder do grupo G

Quem resume os dois sentimentos é o administrador do estádio, Moses Ndlovu. “Vai ser um dia muito especial para nós, teremos grandes jogadores aqui”, contou, animado. “Mas infelizmente ninguém poderá entrar. Já me avisaram que só a imprensa poderá ver o treino. O público está proibido.”

Durante a conversa com a reportagem, Ndlovu abordou o tema mais três vezes, mesmo quando perguntado sobre outras coisas. “Não entendo por que o público não poderá assistir. A polícia não deixará ninguém entrar. Não consigo entender. As pessoas daqui mal poderão acenar para os jogadores.”

No começo desta semana, a Coreia do Sul usou o Princess Magogo e fez a festa da população. “Foi um dia muito legal, as pessoas aqui se divertiram”, relembra o funcionário.

KwaMashu é uma township (periferia onde viviam apenas os não-brancos durante o apartheid) de Durban marcada por muitos problemas. Estima-se que 30% das 500 mil pessoas que vivem na região estão abaixo da linha da pobreza. Os índices de criminalidade são 17 vezes maiores em relação ao centro de Durban.


O estádio Princess Magogo foi totalmente reformado. O campo mudou de lugar. As instalações são modernas. O cheiro de tinta em algumas salas mostra que tudo foi revitalizado para a Copa do Mundo. O local é uma área oficial de treino da Fifa. Nos arredores, asfalto novo e problemas maquiados. Poucos metros para dentro, porém, já mostram a pobreza de Kwa Mashu e olhares desconfiados dos moradores diante de turistas.

A seleção usará o Princess Magogo porque a Fifa vetou o treino de reconhecimento do estádio Moses Mabhida, palco do duelo contra Portugal, às 11h (de Brasília) desta sexta-feira. A medida visa preservar o gramado, já com buracos e falhas após seis meses em atividade. Holanda, Japão, Coreia do Sul e Nigéria enfrentaram a mesma proibição recentemente em Durban.

 

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