Escalado para enfrentar a Grécia nesta terça-feira, o atacante argentino Sergio Agüero diz, em tom monótono, que tanto faz pegar México ou Uruguai nas oitavas de final - a Argentina está quase classificada. "Acho o mesmo’’, concorda Otamendi, outro titular de ocasião.
A concordância entre os dois se repete cinco vezes. Um responde, e o outro afirma pensar igual. O discurso ensaiado virou uma regra da seleção argentina. Faz parte de um "teatro maradoniano’’ que deixa só o técnico como responsável por formatar a imagem de seu time durante o Mundial.
Atletas argentinos evitam opinar sobre times adversários, sobre qual a melhor função para atuar ou sobre suas chances de título. É Maradona que diz que a Itália é uma "confusão’’, a França, uma "desilusão’’, e o Brasil, o grande favorito.
Como o técnico insiste em dizer que tem 23 titulares, todos os jogadores exaltam o fato de que cada um deles tem condição de jogar. Como o treinador exalta o estilo ofensivo da seleção - "nosso objetivo é jogar como gostamos e nos divertir’’ -, todos repetem que o jogo de ataque é a prioridade. Como o comandante reclama das faltas adversárias e dos juízes, todos protestam pela falta de cartões em trombadas em Messi.
Com falas no mesmo tom, os jogadores também não se expõem em treinos. Usando o limite que a Fifa lhe permite, o técnico só permite aos jornalistas 15 minutos de exibição. Quando as câmeras entram no campo, só práticas rotineiras, como chutes a gol.
Maradona não mostra seus jogadores em treinos coletivos, em que se possam observar táticas da equipe. Muitas vezes os titulares já deixam o campo. "Se é para vê-los de costas, por que me deixam entrar?’’, questiona um fotógrafo argentino.
O centro de treinamento, na Universidade de Pretoria, é dos mais reclusos, com quilômetros entre atletas e fãs. Só na terça, que tiveram de ir a Polokwane para o jogo, os jogadores foram para hotel aberto ao público. Mas a segurança isola a sua área.
Sob as câmeras, é Maradona quem brilha, com gritos de incentivo ou com óculos escuros dados pelo neto. No máximo, é dada a palavra a Mascherano. O capitão do time pode se arriscar e dizer que é um Mundial em que a tática prevalece sobre o talento. Questionado sobre o mesmo assunto, Agüero concorda. "Fico com as palavras de meu capitão.’’ Cai o pano.
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