21/06/2010 - 07h01

Seleção 'boazinha' mostra lado mau, mas mantém controle contra provocações

Alexandre Sinato, Bruno Freitas e Mauricio Stycer
Em Johanesburgo (África do Sul)

A seleção brasileira é toda “certinha”. Exalta a disciplina, o comprometimento e acata quase religiosamente as ordens de Dunga. No último domingo, porém, o time mostrou seu lado “mau” na vitória por 3 a 1. Fez cara feia para os jogadores da Costa do Marfim, trocou peitadas e devolveu os empurrões. Kaká, talvez o maior símbolo do “bom mocismo”, foi expulso por dar uma cotovelada no adversário, segundo o árbitro. Mas tudo sem descontrole: ninguém caiu nas provocações dos africanos.

BRASIL ENCARA AFRICANOS EM VITÓRIA

  • Antonio Scorza/AP

    Menores que Kolo Touré, Michel Bastos e Robinho peitam o marfinense no triunfo brasileiro por 3 a 1

  • Stuart Franklin/Getty Images

    Gilberto Silva também não deu mole em cobrança no escanteio ao usar o cotovelo na disputa pelo alto

Quando o clima esquentou no segundo tempo, o jogo ganhou ares de decisão. Os africanos ameaçaram partir para cima de Kaká após a jogada que culminou com sua expulsão. Robinho tentou separar os mais exaltados. Nesse momento, um marfinense levou a mão ao rosto do brasileiro e o empurrou. O atacante foi tirar satisfação, mas se segurou.

“A gente sempre fala para o grupo: precisamos começar com 11 e terminar com 11. Eles passaram por uma prova dura hoje [domingo] e mostraram muita maturidade, pois apanharam do início ao fim e não revidaram. É o que peço para eles, para jogarem firme, mas jogarem futebol”, elogiou Dunga.

Na etapa inicial, Felipe Melo se estranhou com Drogba. Kaká se envolveu na polêmica jogada com Keita, que desabou no gramado. Ao fim do jogo, os brasileiros reclamaram da deslealdade dos africanos, mas fizeram questão de mostrar que estão preparados para isso.

“É normal, eles chegam mais duro. Entrada dura sempre vai existir. Não tendo cotovelada e corte no rosto, está tudo bem”, bradou o durão Maicon. “Eles não são maldosos, apenas jogam forte. É o estilo deles”, emendou o zagueiro Juan.

Até Elano reforçou esse coro. E o camisa 7 tinha motivos de sobra para abusar das reclamações. Ele precisou ser substituído no segundo tempo depois de tomar de Tioté uma forte pancada no tornozelo direito. O próprio Elano, na hora, falou que imaginou o pior. Temeu uma fratura. Ressentimento? Nada disso.

“É um lance que tem desculpa, sem problema. Estamos aí para perdoar tudo que acontece, não guardo mágoa. O juiz que precisa ser mais rígido, mas é só isso, sem mágoa”, amenizou o meio-campista.

A Costa do Marfim apelou mais às faltas do que o Brasil: foram 23 contra 17. Os africanos foram punidos com três cartões amarelos, enquanto apenas Kaká foi advertido com dois amarelos e a consequente expulsão.

“Tirando o futebol espanhol, que é mais técnico, na Europa são jogos de muita força, estamos acostumados”, argumentou Felipe Melo, lembrando que 20 dos 23 convocados atuam no futebol europeu e estão prontos para as pancadas. A seleção de Dunga também sabe falar grosso.

Compartilhe:

    Siga UOL Copa do Mundo

    Placar UOL no iPhone

    Hospedagem: UOL Host