18/06/2010 - 10h30

Torcida é trunfo dos EUA na disputa pela Copa de 2022

Mauricio Stycer
Em Johanesburgo (África do Sul)

EUA: MAIORES AUDIÊNCIAS DO FUTEBOL

  • Mike Blake/Reuters

    1. EUA x China, Final do Mundial feminino, 1999

  • Antônio Gaudério/Folha Imagem

    2. Brasil x Itália, Final da Copa de 1994

  • Thomas Kienzle/ATP

    3. Brasil x EUA, oitavas de final da Copa de 1994

  • Peter Schols/Reuters

    4. Itália x França, final da Copa de 2006

  • Reuters

    5. EUA x Inglaterra, 1ª rodada da Copa de 2010

O futebol está em nítido processo de popularização nos Estados Unidos, e a Copa na África do Sul é o maior exemplo disso. Os americanos surpreenderam o mundo ao liderar a lista dos países que mais compraram ingressos para a Copa de 2010 diretamente da Fifa: cerca de 140 mil, o maior entre todos os países, mais do que a soma dos tíquetes adquiridos por ingleses e alemães.

A partida de estreia dos americanos, contra a Inglaterra, bateu recordes de audiência na televisão local. Apesar de ter hospedado uma Copa há relativamente pouco tempo, em 1994, os EUA sonham receber novamente o torneio, em 2022, e exibem esses números como uma espécie de cartão de visitas da sua candidatura. Em dezembro, serão conhecidos os países-sede das Copas de 2018 e 2022.

É verdade que o número de 140 mil ingressos não distingue americanos de estrangeiros que vivem nos EUA, como mexicanos e italianos, entre outros. Ainda assim, sinaliza um crescente interesse dos americanos pelo “soccer”.

Segundo Neil Buethe, assessor de comunicação da seleção americana, em 2006, os EUA tiveram direito a 8% dos ingressos para os três jogos da primeira fase. Isso representou um total de 10 mil ingressos, para os quais se formou uma fila de 40 mil pessoas. O total vendido em 2006 é superior à soma dos ingressos comprados por americanos nas Copas de 1990, 1998 e 2002.

“Esses números reforçam nosso argumento para hospedar a Copa de 2022”, diz Buethe. Se a Copa de 2018 for mesmo na Europa, como se prevê, os EUA disputam o direito de sediar o Mundial quatro anos depois com Austrália, Catar e Egito.

A partida entre EUA e Inglaterra pela primeira rodada da Copa foi a quinta mais assistida na história da televisão americana. Significa que 17 milhões de americanos ficaram diante da tevê, um número ínfimo comparado aos 106 milhões que assistiram à final do campeonato de futebol americano em fevereiro, mas o dobro dos que assistiram à estréia dos EUA na Copa de 2006 e uma audiência também superior à final da temporada 2009/2010 de hockey, outra paixão americana.

Parte da popularidade recente do futebol nos EUA pode ser creditada ao sucesso da seleção na Copa das Confederações, em 2009, na qual a seleção “yankee” bateu a Espanha nas semifinais por 2 a 0 e chegou a marcar 2 a 0 no Brasil, na final, antes de levar a virada no segundo tempo e perder por 3 a 2.

Ainda que os números sejam positivos, ainda há muito ceticismo sobre as chances de o futebol ser um dia um esporte muito popular nos Estados Unidos. “O problema é que somos muito fortes em outros esportes”, diz Dan Oved, à entrada do Ellis Park, em Johanesburgo, para assistir EUA e Eslovênia. Outros problema, diz o californiano, é que “a liga americana de futebol é muito fraca e chata”.

Ao seu lado, outro californiano, Tyler Kurlas, exemplifica bem o tipo de torcedor americano que comprou ingressos para a Copa de 2010. “Não sou muito fã de futebol”, diz. “Vim mais pela diversão e pela oportunidade de conhecer a África do Sul”.

Entre a comunidade de “chicanos”, ou descendentes de latino-americanos, o futebol já é um esporte bem popular, ainda assim de um jeito bizarro, como mostra o Jay Valez, descendente de equatorianos, vestido com um uniforme de um time de beisebol no Ellis Park. “Gosto tanto de futebol quanto de beisebol. E o futebol só não é ainda mais popular porque não ganhamos um torneio importante. Ainda”, diz Valez. Será?

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