12/06/2010 - 19h01

Argentinos torcem sem pudor e brasileiros viram casaca na Copa

Bruno Império e Jeremias Wernek
Em São Paulo e Porto Alegre

Que Brasil e Argentina protagonizam um dos maiores clássicos do futebol ninguém duvida. Só que por aqui essa rivalidade não se traduz em conflito. Seja em Porto Alegre ou em São Paulo, os hermanos cantaram e vibraram sem nenhum pudor na casa de seus “inimigos”. E como você pode ver no vídeo abaixo, também teve muito brasileiro torcendo pelo time de Maradona.

Na capital paulista, o Moocaires é o ponto de encontro da torcida argentina. O bar localizado no tradicional bairro da Mooca é de propriedade de Cristian Galazara, argentino nascido na cidade de Chaco que já vive no Brasil há 10 anos.

“Mudei para o Brasil porque minha situação na Argentina não era das melhores. Eu era jovem, me apaixonei por uma brasileira e resolvi vir para cá”, conta o argentino de 38 anos que encontrou nas mulheres uma ótima razão para se estabelecer no país.

“Cheguei aqui ‘enamorado’ de uma brasileira. Mas logo me encantei por várias brasileiras”, brinca Cristian, hoje casado com uma moradora do bairro da Mooca.

Nesta sexta-feira, Cristian, torcedor do Boca Junior, quase não pôde assistir à estreia dos comandados de Maradona na Copa. O argentino só conseguia olhar a televisão LCD que comprou por causa do Mundial quando não estava tratando das vendas de cerveja Quilmes.

OS ARGENTINOS VIVEM EM PAZ NO BRASIL

  • Felizes com a recepção que tiveram no Brasil, argentinas se reúnem para torcer em Porto Alegre

  • Carlos Rodríguez é argentino, mas vive no Brasl há três anos. A mudança foi motivada pelo amor

  • Em São Paulo, Cristian é dono de um bar e aproveita o seu reduto na Mooca para faturar

Os clientes que lotaram o bar não davam descanso. Foi só depois que o apito do árbitro alemão Wolfgang Stark soou encerrando o primeiro tempo que Cristian conseguiu conversar em paz com a reportagem do UOL Esporte.

“Eu amo o Brasil. Fui muito bem acolhido nesta terra. Eu sei que existe rivalidade no futebol, mas eu nunca senti nenhum tipo de preconceito vivendo aqui. Muito pelo contrário. Gosto tanto deste país, das pessoas deste país, que eu posso dizer que o Brasil é meu segundo time”, afirmou Cristian antes de ir servir mais cerveja aos brasileiros que encheram os três ambientes temáticos do Moocaires.

Mas se em São Paulo os “vira-casaca” são a maioria da torcida argentina, em Porto Alegre são os próprios hermanos que não escondem o orgulho de torcer mesmo muito longe de casa.

No Media Luna, uma confeitaria tipicamente argentina localizada no Moinhos de Vento, são os gringos que dominam a cena. Ao todo, 30 torcedores fazem festa na vitória sobre a Nigéria sem sofrer nenhum tipo de hostilidade por parte dos gaúchos.

“Aqui tudo é tranquilo, não tenho nenhum problema para torcer pela Argentina. Talvez, se fosse em São Paulo, as coisas seriam um pouco diferentes, mais fortes e até violentas”, diz Carlos Rodríguez, torcedor do River Plate que vive no Rio Grande do Sul há três anos.

Assim como Cristian, ele também se mudou para o Brasil motivado pelo amor. “Conheci minha mulher e me mudei para cá, não teve jeito”, revelou .

Poucas mesas atrás de Rodríguez está um grupo de lindas argentinas. As garotas se apresentam como embaixadoras da beleza platina. E olhando as torcedoras fica difícil de entender porque Cristian e Rodríguez trocaram as argentinas pelas brasileiras com tanta convicção.

E assim como os rapazes, as meninas também são só elogios à acolhida brasileira. “A relação é muito boa. Na escola do meu filho, inclusive, fizeram uma bandeira meio Brasil e meio Argentina. Somos muito bem tratados por aqui”, diz Nadia Martin, que reside em Porto Alegre há nove meses, com o marido e filho.

"Só ouço brincadeiras de vizinhos, nada demais. Eles falam que o Brasil vai ganhar de nós, coisas assim. Ah, mas não sou também de sair gritando na rua e vibrando. Sou mais contida mesmo”, comenta Valeria Velásquez.

No apito final, Valeria, Nadia e Rodríguez vibram em Porto Alegre. Cristian festeja em São Paulo. O trio de portenhos ainda não sabe aonde vai estar no duelo entre Argentina e Coréia do Sul, na próxima quinta-feira. Já o argentino radicado em São Paulo vai esperar a torcida inflada por brasileiros para poder faturar mais ainda com a Copa do Mundo da África do Sul.
 

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