A deportação de dez "barras bravas" argentinos que tinham viajado para a África do Sul para a Copa do Mundo causou uma polêmica com as autoridades portenhas, que nesta quarta-feira voltaram a negar que estejam vinculadas aos torcedores.
Os deportados, um deles usando uma máscara para não ser identificado, chegaram na terça-feira à noite ao aeroporto de Ezeiza, em Buenos Aires, após terem sido detidos no domingo passado em Johanesburgo, quando aterrissaram para assistir à Copa.
A África do Sul resolveu fazer a deportação de dez dos 80 "barras bravas" que viajaram ao país por conta de informações fornecidas pelas forças de segurança do país sul-americano. Um dos vândalos, Sergio Flay Roldán, vinculado à torcida do San Martín de Tucumán, foi detido pela Polícia Aeroportuária ao pisar em solo argentino por ter violado sua liberdade condicional.
Uma juíza determinou a detenção de Roldán, que cumpre uma condenação de oito anos por tentativa de homicídio. A pena agora será estendida até janeiro de 2011 por ter violado a condição.
Uma organização contra a violência no futebol apresentou esta semana um documento ao Parlamento para que "investigue o comportamento" de funcionários do Governo no suposto financiamento da viagem à África do Sul de 235 "barras bravas" que fazem parte da associação de torcidas conhecida como "Inchadas Unidas Argentinas", cuja formação é atribuída ao Governo de Cristina Fernández, que nega taxativamente.
"A despesa total pelos 235 barras chegaria" a 10,7 milhões de pesos (cerca de US$ 2,7 milhões), ressalta o documento que a ONG divulgou à imprensa.
A imprensa esportiva se pergunta como os "barras bravas" reuniram o dinheiro para pagar suas passagens e sua estadia, enquanto setores da oposição questionam que a Direção Argentina de Migrações não detectou irregularidades ao controlar a saída dos torcedores no aeroporto de Ezeiza antes do embarque para a África.
"Nenhum dos barras deportados tinha registrado perante a Direção de Migrações ordens de captura nem proibições para sair do país. Os únicos habilitados para disponibilizar algum tipo de proibição são as autoridades judiciais", argumentou o diretor de Migrações, Martín Arias Duval.
O funcionário disse que, no caso de Roldán, "a ordem de captura foi comunicada ao organismo em 7 de junho, mas ele saiu do país em 6 de junho", por isso, "no momento da saída do país ele tinha a documentação de viagem regulamentar".
Um dos torcedores, Andrés Bracamonte, tinha o passaporte vencido, e usou uma carteira de identidade para pegar um voo para o Brasil, já que brasileiros e argentinos podem viajar entre os dois países apenas com este documento. "Como ele saiu do Brasil eu não sei, não é competência nossa" disse Arias Duval.
Desta forma, a viagem dos torcedores à África do Sul reavivou a polêmica pela suposta vinculação dos "barras bravas" com dirigentes políticos. O ministro da Justiça e Segurança de Buenos Aires, Ricardo Casal, admitiu que é "muito provável" que torcedores violentos trabalhem na administração pública provincial, e disse que estes" devem ser denunciados".
A imprensa local revelou recentemente que Ariel Pugliese, vinculado à torcida do Nueva Chicago, trabalhou até dias atrás no Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec), questionado pela confiabilidade de seus relatórios. Segundo a imprensa argentina, Pugliese foi um dos manifestantes que participou de uma violenta manifestação, quando foram atiradas cadeiras na apresentação de um texto sobre o Indec durante a Feira do Livro de Buenos Aires.
"Não concordo que as torcidas se juntem, não quero que estejam perto de mim, não participei de nenhuma conversa, não quero ser amigo deles, e quando encontrarmos algum gesto que ponha em risco a segurança, é preciso tirá-los do estádio e não discutir mais", disse esta semana o chefe do gabinete argentino, Aníbal Fernández, ao reiterar que o Governo "não financia" nenhum vândalo.
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