Branco está descontente com o ataque da seleção
O técnico Dunga deve acreditar que a consistência pode funcionar melhor do que o estilo na busca do Brasil por mais uma Copa do Mundo, mas Branco, seu companheiro na conquista do tetra, em 1994, está preocupado com algumas arestas a aparar na seleção até o início do Mundial da África do Sul.
"Do meio campo até a zaga, este é o melhor time do mundo", disse Branco, frustrando aqueles que se acostumaram a associar a seleção brasileira mais com o futebol arte do que com uma equipe defensiva.
"Estou um pouco preocupado com a criatividade no ataque, que pode decidir o resultado de um jogo, visto que todo mundo joga um pouco fechado contra o Brasil", explicou.
Dunga, que assim como o alemão Franz Beckenbauer chega à Copa como técnico após atuar em Mundiais como jogador, está determinado a moldar a equipe à sua própria imagem, baseada na solidez defensiva.
Dezesseis anos atrás, Dunga erguia o troféu como capitão de uma equipe que conquistava a Copa após uma dura final que terminou na disputa de pênaltis contra a Itália.
Naquele 1994, a zaga brasileira sofreu apenas três gols em toda a competição e agora Dunga parece determinado, mais uma vez, a impedir a penetração de atacantes adversários no campo brasileiro, mesmo que isto signifique contrariar os fãs do futebol-arte.
O meio campo parece desenhar-se criativo, com Kaká afirmando estar pronto para arrasar no torneio, apesar da pobre primeira temporada no Real Madrid. E se Robinho for deixado solto, ele também poderá causar muita dor de cabeça para a defesa adversária.
No entanto, segundo o esquema de Dunga, Robinho poderá ser forçado a recuar, algo quase inimaginável para um jogador tão ágil, acostumado a jogar numa posição avançada.
Dunga também buscará blindar a zaga com os meias defensivos Felipe Melo e Gilberto Silva, que falava esta quarta-feira como se fosse o próprio técnico. "Não estamos aqui para nos divertir. Nossa mensagem é que queremos ser campeões", afirmou, categórico, o veterano do Panathinaikos, ex-Arsenal.
"Para garantir a você que seremos campeões, precisaria de uma bola de cristal. Não posso dizer isso, mas começamos a trabalhar três anos e meio atrás para chegar aqui, é para isto que nós estivemos trabalhando: para chegarmos à final e vencê-la", acrescentou.
O atacante Luis Fabiano, por sua vez, completou dizendo que a vitória nem sempre é sinônimo de beleza. "Se tivermos que jogar feio para ganhar, então o faremos, porque o que conta numa Copa do Mundo é vencê-la", acrescentou.
Apesar de tudo, há poucos indícios de queixas contra o método de Dunga. "Nós nunca comentamos o que a imprensa escreve ou diz sobre nós", disse o goleiro reserva Gomes, que joga no Tottenham.
"A coisa mais importante é retribuir a confiança que Dunga tem em nós. Nós também vamos jogar pelo técnico, que acredita em nós", acrescentou.
Ao deixar de fora da seleção Ronaldinho e Adriano, Dunga pôs de lado duas potenciais vozes discortantes, embora os amistosos preparatórios contra o Zimbábue e a Tanzânia tenham tido resultados suficientemente positivos para por em evidência quaisquer efeitos da falta que fariam em campo.
Agora, o jeito Dunga de jogar será posto definitivamente à prova na próxima terça-feira, na estreia contra a Coreia do Norte, em Johanesburgo, depois do qual a seleção enfrentará Portugal e Costa do Marfim, seus adversários no Grupo G do Mundial.
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