08/06/2010 - 13h05

Em coletiva de 6min, norte-coreanos se revelam: "Podemos vencer o Brasil"

Bruno Freitas
Em Tembisa (África do Sul)

UMA NAÇÃO FECHADA AO MUNDO

  • AFP/Stephane de Sakutin
  • Bruno Freitas/UOL Esporte
  • Bruno Freitas/UOL Esporte

    Dona de uma das maiores zebras da história das Copas, na eliminação da Itália em 1966, a Coreia do Norte é uma das nações mais misteriosas do cenário político atual, com regime socialista e unipartidário.

    Em 2002, o país governado pelo ditador Kim Jong-il foi rotulado pelo ex-presidente dos EUA George W. Bush como membro do “Eixo do Mal”, em razão de sua política nuclear e de suas supostas relações com o terrorismo. Seis anos mais tarde, a Coreia do Norte deixou a lista norte-americana de nações que patrocinavam o terror.

    A entrada de estrangeiros na Coreia do Norte é bastante restrita, com normas de seleção severas, em política que afeta até as relações diplomáticas. A maioria das embaixadas conectadas com laços diplomáticos ao país está situada em Pequim, na China, e não na capital Pyongyang.

     

A mais misteriosa das seleções participantes da Copa ofereceu nesta terça-feira as primeiras imagens e declarações oficiais da sua preparação para o torneio na África do Sul. Depois de recorrer à truculência para espantar visitantes de suas práticas nos últimos dias, o primeiro rival do Brasil no Mundial mostrou a cara com uma breve demonstração de ousadia, com declarações de que podem surpreender o time de Dunga na partida de 15 de junho.

 

Sem treinos expostos à imprensa até esta terça, a Coreia do Norte ofereceu uma mini-coletiva de 6 minutos de Jong Tae-Se, a estrela do time, conhecido como o Rooney asiático. Em seguida, os cerca de 50 jornalistas presentes no estádio Makhulong, em Tembisa, puderam registrar apenas o aquecimento de dez minutos antes da atividade técnica, realizada com portões fechados.

Foi o bastante para saciar um pouco a curiosidade internacional que cerca a seleção norte-coreana e para mostrar a confiança em alta dos primeiros rivais do Brasil na Copa.

"Pouca gente conhece a gente. Temos condições de surpreender, podemos vencer o Brasil", disse Jong Tae-Se, atacante do Kawasaki Frontale (JAP), em uma esforçada entrevista em inglês. "Somos como um coração valente", emendou o norte-coreano.

Jornalistas de diversas nacionalidades acompanharam a breve coletiva, sucedida posteriormente por um aquecimento no campo de Tembisa, no local de treino de acesso mais complicado entre aqueles disponíveis na região de Johanesburgo, área que abriga a maioria das seleções. No mesmo lugar, no domingo passado, um policial saiu ferido em uma confusão no amistoso entre a Coreia do Norte e a Nigéria.

A julgar pelo número de profissionais de mídia destacados para a entrevista desta terça, as nações mais interessadas nos segredos norte-coreanos para o Mundial são o Brasil, o rival da estreia, e a Coreia do Sul, vizinha de território na Ásia, em relação de intensos laços históricos entre os dois países.

Depois de 16 minutos de exposição, os jornalistas presentes no estádio Makhulong foram convidados a se retirar do local através de palavras de ordem de uma força de elite da polícia sul-africana. Os policiais não hesitaram em interromper gravações de TV para fazer cumprir o prazo estabelecido de acesso da mídia.

"Não sei o motivo de estarmos trabalhando fechados. Deve ser por segurança. Mas queremos mostrar nesta Copa uma outra cara do nosso país", afirmou o Rooney da Coreia do Norte.

 

Compartilhe:

    Siga UOL Copa do Mundo

    Placar UOL no iPhone

    Hospedagem: UOL Host