04/06/2010 - 17h30

Dunga assume agenda diplomática na África e revela 'sorriso escondido'

Alexandre Sinato e Bruno Freitas
Em Johanesburgo (África do Sul)

O SORRIDENTE DUNGA EM FOTOS...

  • Divulgação/CBF

    ... com a filha (esq.) e a neta de Nelson Mandela

  • Antonio Scorza/AFP

    ... ao lado de um garoto do Soweto durante treino

  • Divulgação/CBF

    ... em homenagem que recebeu na Hoerskool

  • Paulo Whitaker/Reuters

    ... ao lado do auxiliar Jorginho na última entrevista

Dunga carrega a imagem do capitão do tetra, o líder que distribuía broncas em todo mundo. Foi contratado pela CBF para resgatar a seriedade da seleção brasileira. Na caminhada até a Copa do Mundo, recebeu inúmeras críticas e poucos elogios por sua postura, por seu estilo “durão”. Desde a convocação, porém, ele adotou outra linha. E seu comportamento nos nove dias de África mostra tal tentativa.

Diversas fotos de um Dunga descontraído circularam nos últimos dias. Algumas divulgadas, outras registradas pelo batalhão de fotógrafos que seguem a seleção diariamente. Em comum em todos os retratos, a simpatia do treinador conhecido pela relação conturbada com a imprensa.

Nos últimos dias, a CBF exibiu fotos de Dunga com a filha e a neta de Nelson Mandela, mostrou o treinador sorrindo com garotos do Soweto e relatou o assédio que ele sofreu dos jogadores do Zimbábue após o amistoso de quarta-feira: segundo a entidade, 15 atletas pediram fotos ao lado de Dunga.

Na manhã desta sexta, o comandante da seleção deixou a concentração da seleção para ir à escola onde o time treina. O motivo? Receber uma homenagem de alunos, professores e funcionários. Mais uma vez, Dunga mostrou seu lado diplomático e posou para inúmeras fotos, algumas divulgadas pela CBF.

O treinador da seleção afirmou na última quinta que quase todos os 300 jornalistas que seguem a equipe todos os dias torcem contra seu time. Elegeu a imprensa como um adversário, um obstáculo a ser superado em prol do hexa.

Mesmo assim, Dunga não é mais o mesmo dos primeiros anos como treinador. Aos poucos, ele tenta lidar de maneira mais controlada diante das câmeras. As respostas atravessadas diminuíram. As críticas à imprensa continuam, mas são feitas de forma mais ponderada, explicitando o cuidado contra o desgaste de sua imagem às vésperas de um evento que mobiliza o Brasil.

“Vocês [jornalistas] têm que de escrever algo, é o direito de vocês. Meu direito é responder. Algumas vezes vou ter razão, outras não. Isso é democracia”, resumiu o “novo” Dunga.

A cautela do treinador contrasta com o endurecimento do discurso de Jorginho. Coincidência ou não, também desde a convocação, o ex-lateral-direito adotou postura mais rígida nas entrevistas. Ele segue acompanhando Dunga nas coletivas, mas às vezes assume o microfone para fazer o que o treinador fazia: engrossar a voz.

“Não quero generalizar, mas tem gente aqui [da imprensa] que não tem coragem. Leio muita coisa que não concordo. Aí o cara vem aqui e não tem coragem de fazer pergunta. Você, que critica tanto, por que não pega o microfone? Por que não debate com a gente?”, desafiou Jorginho na quinta-feira, lembrando a entonação do discurso patriótico que fez no dia da convocação ao defender o trabalho da seleção.

Dunga e Jorginho devem dar, no máximo, mais duas entrevistas até a estreia do Brasil na Copa, dia 15, contra a Coreia do Norte, no Ellis Park (Johanesburgo). Até lá, pouca coisa deve mudar. Durante o torneio, contudo, os resultados determinarão o rumo da seleção. E podem alterar ações e reações da dupla que comanda a comissão técnica.
 

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