03/06/2010 - 07h00

Fifa e Dunga reduzem exposição da seleção, mas patrocinadores não chiam

Gustavo Franceschini*
Em São Paulo

Desde o início da preparação brasileira em Curitiba, a atuação da imprensa foi limitada, reduzindo o tempo de exposição da seleção na mídia. Agora, os patrocinadores do Brasil, que buscam esse tipo de retorno, ainda perderão o espaço nos uniformes de treino do time, por ordem da Fifa, a partir do próximo domingo.

OS VÁRIOS MOMENTOS DA SELEÇÃO

  • Sigi Tischler/EFE

    Em 2006, Brasil ficou marcado pela liberdade dada à torcida e às empresas, e foi criticado pela atitude

  • Julio César Guimarães/Lancepress

    Com Dunga, a seleção também teve patrocinadores à beira do gramado, como neste treino em 2009

  • Eduardo Knapp/Folhapress

    Às vésperas da Copa, Dunga mudou de ideia e não soltou a seleção, irritando até a torcida presente

A determinação da entidade tem a ver com o início da Copa do Mundo. De acordo com o regulamento da competição, nenhuma marca poderá ser exposta pelas seleções a partir do dia 6 de junho, cinco dias antes da abertura.

Com isso, Vivo, Itaú e Guaraná Antarctica, empresas que estampam as camisas de Dunga e seus comandados, serão “varridas”. A determinação causa um efeito curioso no relacionamento da seleção brasileira com seus 11 patrocinadores, muitos deles conquistados recentemente.

A despeito de já ter permitido situações do tipo anteriormente, Dunga optou por reduzir a relação do elenco com a mídia. Desta vez, a seleção não libera transmissões ao vivo dos treinos, ou mesmo entrevistas nas chamadas “zonas mistas”, espécie de corredor pelo qual os atletas passavam. O resultado é uma queda no tempo gasto pela mídia com o Brasil, que se reflete no faturamento das empresas.

Comparado ao panorama de 2006, a situação atual fica, teoricamente, ainda mais complicada para os patrocinadores. No Mundial da Alemanha, marcado pelo regime aberto imposto à seleção, as marcas chegaram a montar tendas à beira do gramado, levando clientes privilegiados para os treinos. A situação quase nunca foi repetida na era Dunga, mas mesmo assim gera críticas.

“[A exposição] é boa, mas deveria ser ótima. Em primeiro lugar, a seleção brasileira não está empolgando, assim como a própria Copa dá a impressão de custar a esquentar. Depois, o estilo fechado imposto por Dunga esconde os jogadores, privando os patrocinadores de uma exposição de marca mais expressiva”, disse Adilson Xavier, diretor da Associação Brasileira de Propaganda (ABP).

A irritação, porém, não é compartilhada pelas empresas. Nike, Ambev, Itaú, Vivo, Gillette, Volkswagen, Extra, Nestlé, Seara e TAM evitam o atrito com a CBF, e apontam, em sua maioria, para o faturamento em caminhos alternativos.

“Dá para dizer que houve uma queda na exposição, mas eu estou impressionado com o mercado. Eu acho que essa é uma queda programada, que as empresas já sabiam e estão resolvendo com ativações”, disse Rafael Plastina, sócio-diretor da Informídia, empresa especializada em pesquisa na área de marketing esportivo.

OPNIÃO DO ESPECIALISTA

"As empresas  aprenderão a trabalhar melhor as ferramentas do marketing"

As “ativações” em questão são ações de marketing que vão além da simples exibição do logotipo. Comerciais de televisão, ações de relacionamento com consumidores mais importantes e promoções são alguns dos exemplos utilizados pelas parceiras da CBF.

Procuradas pelas reportagens, as empresas sequer quiseram comentar a redução de exposição. A Vivo, que está no uniforme, valorizou as ações de ativação que faz, e disse não estar preocupada com a mudança. Já a Seara e o Extra ressaltaram que sequer estão presentes nas camisas, e por isso mantêm o planejamento anterior.

*Colaborou Roberta Nomura

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