31/05/2010 - 07h00

Bola Jabulani 'silencia' a vuvuzela e vira a nova polêmica da Copa sul-africana

Alexandre Sinato e Bruno Freitas
Em Johanesburgo (África do Sul)
  • Julio Cesar treina com a Jabulani; goleiro titular do Brasil fez críticas à bola oficial da Copa do Mundo

    Julio Cesar treina com a Jabulani; goleiro titular do Brasil fez críticas à bola oficial da Copa do Mundo

A pouco mais de dez dias da abertura da Copa, o som das vuvuzelas parece perder espaço como promessa de principal controvérsia do torneio na África do Sul. Leve e "amiga" dos efeitos estranhos, segundo os jogadores, a Jabulani começa a tomar o lugar das barulhentas cornetas sul-africanas nas reclamações da vez antes do evento e já ensaia tirar do rodapé da história os nomes de bolas dos Mundiais.

Mesmo entre os estudiosos de Copas, é difícil encontrar alguém que saiba que Fevernova, Teamgeist e Tango são nomes de bolas usadas no torneio. Agora em 2010, mesmo antes do início dos jogos, a Jabulani já ascende à notoriedade por meio das crescentes críticas de jogadores de diversas seleções a respeito de suas características e promete virar palavra fácil na boca do torcedor.

Durante a preparação das seleções, a contrariedade de jogadores em relação à bola oficial da Copa 2010 atravessa barreira entre posições e até une goleiros a atacantes. Geralmente, são os homens das luvas que reclamam de novos modelos que favorecem aquele que busca o gol. Agora, a crítica ao modelo desenvolvido pela Adidas vem de todos os lugares.

"É horrível, horrorosa", disparou Julio Cesar em entrevista coletiva no último sábado em Johanesburgo, onde a seleção se prepara para a Copa. "Parece aquelas bolas que a gente compra no supermercado", emendou o titular do gol brasileiro.

JABULANI: FICHA TÉCNICA

  • PESO
    440 gramas

    CIRCUNFERÊNCIA
    69 centímetros

    DIÂMETRO
    O diâmetro da bola é medido em 16 lugares diferentes e depois disso a média é calculada. A diferença entre o maior e o menor diâmetro deve ser estar dentro dos limites mais rigorosos:

    Padrão aprovado pelo FIFA: diferença máxima de 1.5%

    Jabulani: diferença máxima de 1.0%

"A bola é muito estranha, de repente sai de você. Acho que ela não gosta que alguém a chute. É mais um adversário. Parece que tem alguém guiando a bola. Você vai cabecear e ela se mexe. É sobrenatural essa bola", criticou o goleador Luís Fabiano no domingo passado.

A mais nova 'vilã' dos jogadores da Copa também desagrada integrantes de outras seleções. A Jabulani foi recentemente foco de crítica nas preparações de Espanha, Itália e Chile. "Parece uma bola de praia", disse o espanhol Iker Casillas, sobre o modelo de 11 cores.

Mas há quem defenda a bola da Copa. Na última semana, a Adidas emitiu uma nota de divulgação, de alcance internacional, sobre a Jabulani. A peça continha elogios ao modelo de vários jogadores renomados, também patrocinados pela gigante de materiais esportivos. Nomes como Cech, Lampard, Ballack e Kaká ajudaram na ação publicitária com depoimentos favoráveis sobre a novidade do Mundial sul-africano.

"Para mim o contato com a bola é muito importante e é ótimo com essa bola", afirmou o garoto-propaganda Kaká no material de divulgação da Adidas.

Na nota de divulgação, a Adidas diz sobre a Jabulani: "O recém-desenvolvido perfil Grip'n'Groove oferece aos melhores jogadores do mundo uma bola que permite um voo excepcionalmente estável e perfeita aderência em todas as condições climáticas". O brasileiro Júlio Baptista apresentou argumento contrário sobre sua experiência com o modelo: "Nas jogadas pelas laterais, quando damos aquela rosca para cruzar, ela sai do lado contrário. Se você chuta de longe, ela pode fazer três ou quatro curvas na trajetória".

Vuvuzela: menos barulho
Enquanto a Jabulani toma o foco das discussões pré-Copa, a vuvuzela parece viver momento de inédita aceitação a poucos dias do Mundial. A popular e barulhenta corneta sul-africana enfrentou uma onda de críticas durante a Copa das Confederações do ano passado, quando jogadores, técnicos e jornalistas presentes ao evento reclamaram do desconforto de se trabalhar em meio à anárquica sinfonia das arquibancadas.

GLOSSÁRIO DA COPA

  • VUVUZELA
    falo comprido para soprar (em zulu)

    JABULANI
    celebrar (em zulu)

Durante o torneio em 2009, a polêmica da vuvuzela chegou até o presidente da Fifa Joseph Blatter. Duas entrevistas coletivas oficiais do cartola na Copa das Confederações tiveram a corneta como tema central, em reclamações contundentes vindas principalmente de jornalistas europeus. Na ocasião, o dirigente suíço afirmou que não poderia agir contra um elemento cultural do futebol da África do Sul. "Estamos na África, temos que deixar eles expressarem sua cultura da maneira que quiserem", disse.

Nos últimos meses, no entanto, a preocupação quanto à intervenção negativa das vuvuzelas nos jogos da Copa foi gradualmente diminuindo. A organização do Mundial se dirigiu ao público sul-africano sobre o tema em diversas oportunidades, pedindo o uso "politicamente correto" das cornetas.

Na semana passada, o grande teste para as vuvuzelas aconteceu durante a partida amistosa entre África do Sul e Colômbia, no estádio Soccer City, futuro palco da abertura e final da Copa. Uma campanha de comportamento teve êxito principalmente no respeito aos hinos nacionais das duas seleções.

Na mesma noite, a organização do Mundial realizou um teste de ruído, preocupada com eventuais avisos de emergência. No entanto, após a partida, as autoridades do evento manifestaram a crença de que as cornetas não atrapalharão os jogos, nem as transmissões de TV.

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