Bulls puderam comemorar o terceiro títulos do Super 14 nos últimos quatro anos |
Vuvuzelas fazendo barulho, torcedores fantasiados e muita festa dentro e fora do Orlando Stadium. O Soweto parou na noite do último sábado, mas não foi para ver as seleções da Copa do Mundo. Uma final de rúgbi agitou uma das regiões mais famosas e habitadas da África do Sul. A duas semanas do Mundial da Fifa, a bola oval foi a prioridade.
Torcedoras do Bulls sopram suas vuvuzelas e dão um toque de beleza à final de rúgbi no Soweto
Torcedores confraternizam na entrada do Orlando Stadium e fazem uma só festa antes da partida
Esporte número um da minoria branca sul-africana, o rúgbi teve uma noite de gala em um bairro que respira futebol e alimenta a maior rivalidade nacional, protagonizada por Orlando Pirates e Kaizer Chiefs. E foi no estádio do primeiro time que o Bulls bateu o Stormers por 25 a 17 para conquistar o Super 14, tradicional torneio de rúgbi que reúne equipes da África do Sul, da Austrália e da Nova Zelândia.
O clima no Orlando Stadium era de Copa do Mundo. Foi assim, pelo menos, que os torcedores encararam a partida. “O que importa para nós agora é essa partida. O país já vive a Copa do Mundo, mas hoje o rúgbi é a nossa Copa”, disse Paul Goersk, torcedor do Bulls e vestido com uma camisa do Liverpool, da Inglaterra.
Além das camisas do Bulls, time sediado em Pretória (a 54 km; o Stormers é da Cidade do Cabo, a 1.300 km), dois artigos eram comuns no meio da torcida: vuvuzelas e cerveja. O mais barulhento deles, por razões claras, foi o que mais chamou a atenção.
As cornetas que causaram polêmica na Copa das Confederações de 2009 e viraram até alvo de protesto garantiram o zumbido permanente durante o jogo. Fora do estádio não foi diferente. De vendedores a torcedores, muitas carregavam as vuvuzelas que prometem ser uma das marcas registradas da Copa na África do Sul.
O jogo também proporcionou cenas que há 20 anos seriam impossíveis. O Soweto foi um dos grandes focos de resistência ao apartheid (sistema de segregação racial que limitava principalmente os direitos dos negros e imperou no país até o começo da década de 1990). Cenas de humilhação, conflito e violência aconteceram na região na época.
Na noite passada, contudo, o clima foi de confraternização. Brancos e negros fizeram uma festa só nos arredores do estádio. Os brancos eram maioria entre os torcedores. Os negros eram os anfitriões. A mistura desta vez foi pacífica, assim como na semana passada, em outro jogo do Bulls pelo Super 14.
Ao fim da decisão, os fãs dos Bulls puderam comemorar o terceiro títulos do Super 14 nos últimos quatro anos. Agora, sim, todos pretendem respirar apenas a Copa do Mundo. De 11 de junho a 11 de julho, a África do Sul será o país do futebol.
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