Gustau Nacarino/Reuters

Principal atração, Messi se mostrou relapso durante o lançamento da sua chuteira

12/05/2010 - 12h30

Estrela em evento, Messi ri dos seus erros e faz test-drive "privé" em um F-1

Thales Calipo
Em Barcelona (ESP)

Ser uma celebridade deve ser algo difícil, mas nada que o argentino Lionel Messi não tire de letra. Em um evento da Adidas, realizado em Barcelona, para o lançamento da chuteira F-50, o jogador não só ofuscou o outro convidado do dia, o espanhol David Villa, como aproveitou muito bem o seu status, abusando dos risos, inclusive quando demonstrava ignorância sobre assuntos relacionados à Copa do Mundo, além de ter usado a oportunidade para andar em um carro inspirado na Fórmula 1.

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  • Reuters

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O evento realizado na última terça-feira contou com jornalistas do mundo inteiro. E, mesmo com mais de uma hora de atraso, a maioria permaneceu sentada em uma arquibancada montada no Circuito da Catalunha (palco do GP da Fórmula 1, no último domingo) para ver Messi. A grande entrada do argentino, no entanto, foi decepcionante.

Após dois carros customizados conforme a nova campanha da Adidas darem uma acelerada leve e estacionarem à frente dos jornalistas, Messi e Villa caminharam tranquilamente até o local. Com as chuteiras em mãos, propagadas como as mais leves e, consequentemente, as mais velozes do mercado, ambos posaram por longos minutos para fotos. As poses variaram entre “sentar no pneu”, “sentar no carro” e “em pé”, tudo orquestrado por um representante da empresa alemã e atendendo aos pedidos dos fotógrafos.

Uma palavra rápida de cada um sobre a chuteira. “Os engenheiros da Adidas fizeram uma chuteira como queríamos. Ela possibilita que sejamos ainda mais rápidos em campo”, foi o discurso, em resumo, das duas estrelas da marca.

Após as palavras ensaiadas, Messi e Villa caminharam tranquilamente entre a pista e o local para a entrevista coletiva, algo em torno de meio quilômetro. No caminho, fotógrafos buscavam o melhor ângulo do argentino, que ciente do seu papel, buscou valorizar o produto que estava em suas mãos. Para isso, valia arriscar um batuque nas chuteiras e até dar um tapa em um pôster com a sua imagem, mas tudo com o mesmo sorriso no rosto, que variava entre o tímido e o irônico.

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  • Montagem UOL

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Já na sala de entrevistas, um diretor da Adidas avisou que os dois atletas só responderiam perguntas relacionadas “à Copa do Mundo e à chuteira”. No entanto, o primeiro questionamento, feito por um repórter espanhol, é sobre uma possível transferência de Villa ao Barcelona. “Tenho quatro anos de contrato e só vou pensar nesse assunto após o fim do Campeonato Espanhol [que será neste domingo]”.

Messi segue com o seu sorriso protocolar até arrancar risos dos presentes. Um jornalista, aparentemente dinamarquês, questiona o astro argentino sobre as chances da seleção da Dinamarca na Copa do Mundo. “Sinceramente, não conheço muito bem o time”. Após um período de gargalhadas de todos os presentes, o atacante tentou se redimir e utilizou de um chavão. “Eles tiveram boas atuações durante a fase de classificação e podem ser uma das surpresas”.

Um pouco antes, no entanto, Messi já havia criado um “incidente diplomático” com o seu próprio patrocinador. Quando um jornalista o questionou sobre a nova bola da Copa do Mundo, confeccionada pela Adidas, Villa adotou o discurso padrão e elogiou o objeto. O atual melhor do mundo, no entanto, abusou da espontaneidade. “Não me lembro se já a experimentei ou não”. Dirigentes da empresa alemã ficaram tensos, enquanto os entrevistadores se renderam às gargalhadas.

Exclusivas?

Após a sabatina, Villa e Messi atenderam aos jornalistas do mundo inteiro de forma “individual”. A estratégia, na verdade, era realizar uma espécie de coletiva de imprensa, de 5min, envolvendo os profissionais de imprensa do mesmo país.

Na primeira, realizada com David Villa e que contou com a reportagem do UOL Esporte, o assunto girou entre as pretensões dos espanhóis na Copa do Mundo, a transferência do atleta para o Barcelona e até sobre a pressão sobre a Fúria. Todos os questionamentos foram respondidos de forma tranquila e, ao final, o atleta até distribuiu autógrafos.

Já com o melhor do mundo, a situação foi diferente. Antes da entrada, uma equipe de TV identificou e tentou entrevistar o irmão de Messi, que é muito semelhante fisicamente ao astro. A resposta, direta, foi: “Eu não sou o irmão dele”. Após um segundo questionamento, veio o veredito. “Eu não vou dar entrevista”.

Os cinco minutos prometidos pela organização para entrevistar Messi viraram quatro, sem qualquer justificativa. Dessa forma, quatro equipes de reportagem, incluindo o UOL Esporte, tiveram um tempo menor do que os grupos formados por profissionais de imprensa de outros países.

Alheio a essa problema, Lionel Messi respondeu dez perguntas que puderam ser feitas neste tempo. Sempre com um sorriso no rosto, o argentino evitou qualquer tipo de polêmica, mesmo quando perguntado sobre a presença da dupla santista Neymar e Paulo Henrique Ganso na seleção brasileira, além da ausência de Adriano.

Ao término do bate-papo, enquanto autografava algumas das centenas de bolas que teve de escrever seu nome, o jogador ouviu, de um jornalista brasileiro, a lista completa de convocados de Dunga. Por alguns instantes, o argentino parou de assinar e passou a prestar atenção nos nomes. Antes, no entanto, mostrou saber pouco sobre os adversários da sua seleção na primeira fase da Copa do Mundo.

Terminada a bateria de perguntas, fase que o argentino chegou, inclusive, a suspirar fundo, mostrando descontentamento, foi a hora de aproveitar. Messi embarcou como carona em um dos carros de F-1 criados pela Adidas e deu uma volta no Circuito da Catalunha. A movimentação não teve alarde e, até por isso, não foi registrada por nenhum dos cerca de 100 jornalistas presentes. Ao final, no entanto, o atleta do Barcelona recebeu as jovens garotas contratadas para o evento em um dos boxes e, pelo sorriso de todas, cumpriu seu papel de pop-star do futebol mundial.

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