29/03/2010 - 07h00

Ídolo sul-africano, Radebe superou tiro e intolerância antes de fazer história

Gustavo Franceschini
Em São Paulo

Um dos maiores ídolos sul-africanos no futebol, Lucas Radebe viveu na pele a intolerância dos tempos do apartheid em seu país. Antes de tornar-se capitão da sua seleção nas Copas de 1998 e 2002, o ex-zagueiro foi baleado, correu o risco de abandonar o futebol e superou o incidente para construir uma carreira respeitável no esporte.

O episódio aconteceu em 1991, e nunca foi completamente esclarecido. Já jogador do Kaizer Chiefs, tradicional time de Johannesburgo, Radebe foi alvejado enquanto dirigia seu carro. A bala atravessou a sua perna esquerda, o deixou parado por meses e colocou sua carreira em xeque.

Segundo o próprio Radebe, a agressão aconteceu porque a mídia local, na época, especulava uma possível transferência do jogador para um time rival. Naquele tempo, os fanáticos torcedores, inflamados pela situação de segregação racial que abatia a África do Sul, costumavam agredir atletas que mudassem de clube.

“Eram tempos de violência, e as armas estavam nas mãos erradas. Isso acontecia com frequência, mas era mentira que eu estava saindo do Chiefs. E ninguém viu nada do que aconteceu. Tiros eram como fogos de artifício para nós”, disse Lucas Radebe, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte durante sua passagem pelo Brasil.

Hoje embaixador da Copa do Mundo de 2010, o ex-zagueiro ainda passou mais três anos atuando em seu país natal. Curiosamente, Radebe deixou a África do Sul justamente em 1994, ano do fim do apartheid, transferindo-se para o Leeds United, da Inglaterra, onde seria ídolo até a aposentadoria.

“A minha vida mudou em algumas pequenas coisas. Depois daquilo, eu sabia que carregava muita coisa comigo. Nós, jogadores, temos um talento de Deus. E hoje eu sei que carreguei bem a bandeira do meu país”, disse Radebe.
 

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