Saddam dá uma demonstração do som da vuvuzela, polêmica corneta sul-africana que estará na Copa
Bandeiras e cachecol do Brasil também compõem o cenário em que se transformou a casa do criador
A casa de Saddam em Johanesburgo é decorada com artigos de futebol e, claro, com vuvuzelas
A popularidade da vuvuzela cresceu pelo mundo recentemente. Em meio a polêmicas e reclamações que se multiplicaram após a Copa das Confederações, a corneta ganhou destaque em diferentes países. E junto com ela, seu criador. Freddie Maake se profissionalizou. Diz ter um empresário, cobra para dar entrevistas e faz um verdadeiro show para divulgar sua barulhenta cria. Até nota fiscal ele oferece.
Saddam, como é conhecido o torcedor símbolo do Kaizer Chiefs e da seleção sul-africana, aproveita a proximidade da Copa do Mundo para lucrar com a invenção. Em sua distante casa repleta de cornetas, ele recebe os jornalistas e mostra um bom poder de negociação, além de certa dose de malandragem.
Nas três conversas prévias com a reportagem do UOL Esporte, Saddam é bastante solícito e aceita um encontro. Em nenhum momento, porém, menciona que seria preciso pagar para ter direito à conversa. Justa ou não, a reivindicação surpreende: há menos de cinco meses, ela não existia.
Com cara fechada e discurso sério, Saddam abre as portas de sua casa deixando claras as novas regras. Alegando ter sido copiado e se sentindo usado, o criador da vuvuzela lança diferentes indiretas. No começo, não fala em pagamento, mas depois de cinco minutos surgem os primeiros valores.
“Sempre dei muitas entrevistas e nunca ganhei nada com isso. Agora contratei um agente. Ele me orienta e dá broncas quando faço algo diferente do recomendado. Atendo pessoas de diferentes lugares do mundo, foram sete países recentemente. Já me pagaram até 15 mil rands [cerca de R$ 3,5 mil] por uma entrevista”, conta Saddam.
O valor, obviamente, assusta. Mas em seguida o criador da vuvuzela mostra uma cópia de e-mail recente mencionando os 300 rands pagos por um repórter da Colômbia. “Não estou cobrando de vocês, mas estou sendo generoso em mostrar tudo que tenho aqui e espero algo em troca.”
Saddam cobrou 500 rands, ou R$ 120, para começar logo a conversa sem precisar ligar para seu empresário. Ligação que, se necessária, seria feita por ele mesmo. A reportagem não poderia falar com o misterioso agente que ele diz ter.
“Pronto. Agora que negociamos, vamos ao que interessa”, determina Saddam, antes de começar a produção de sua sala, cenário da entrevista. Agora bem humorado e sorridente, ele se troca, distribui as vuvuzelas pelo sofá, escolhe os bonés e prepara um arsenal de fotos, reportagens e ingressos acumulados em mais de 30 anos de arquibancada.
Durante os muitos sopros em vuvuzelas, risadas e 50 minutos de conversa, o famoso torcedor faz algumas intervenções. Pede para filmar certa corneta, fotografar um jornal ou esperar a família se reunir para um recado internacional. Age como um verdadeiro produtor.
Ele também aproveita para defender com convicção a presença das vuvuzelas nos estádios durante a Copa do Mundo, entre junho e julho de 2010. Algumas seleções pedem que a corneta seja proibida. “A vuvuzela é um símbolo sul-africano. Quem vem ao nosso país tem que conhecer e sentir nossa cultura. Não aceito que queiram mudar nossas características.”
Terminado o encontro, Saddam agradece e dá um CD com músicas envolvendo suas vuvuzelas. E como bom comerciante, emite uma “nota fiscal” dos 500 rands. Simpático, ele faz questão de dar o recibo. Afinal, agora o negócio é sério. Coisa de profissional.
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